Aborto e barriga de aluguel: a postura de Francisco ao longo do pontificado
Posicionamentos do pontífice sobre direitos reprodutivos dividiram progressistas e conservadores, mas opinião contrária ao procedimento se manteve ao longo dos anos
Ao longo de seu pontificado, o papa Francisco mostrou uma postura firme sobre questões como aborto e “barriga de aluguel”, alternando entre a defesa da vida e o acolhimento pastoral, gerando debates acalorados dentro e fora da Igreja Católica.
Em 2013, o Papa Francisco criticou o que chamou de “obsessão” da Igreja com gays, aborto e a contracepção. Em uma entrevista à revista jesuíta Civiltà Cattolica, o pontífice afirmou a necessidade de equilíbrio entre a preservação das regras e o exercício da misericórdia.
Segundo a revista, o papa disse que a Igreja “se fechou em coisas pequenas, em regras tacanhas” e que não deveria ser tão ávida em condenar os outros. As palavras, consideradas progressistas, foram recebidas com entusiasmo por católicos liberais, mas geraram descontentamento na ala mais conservadora do Vaticano.
Apesar da firme condenação ao aborto, Francisco trouxe abordagem pastoral e acolhedora. Em novembro de 2016, o pontífice concedeu a todos os padres a possibilidade de absolver fiéis arrependidos que realizaram a prática, em um passo significativo na direção de tornar a Igreja Católica mais inclusiva.
Em maio de 2019, o papa reiterou sua posição contra o diagnóstico pré-natal, afirmando que a vida humana é inviolável. Ele ressaltou a importância de evitar o aborto voluntário e o abandono de crianças com patologias graves ao nascer, defendendo a vida desde a concepção.
Em 2021, a Argentina legalizou o aborto voluntário até 14 semanas de gestação, o que gerou uma resposta do papa Francisco contra a legalização. Em 2022, o pontífice comentou a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de derrubar o direito constitucional ao aborto no país, ressaltando a questão moral de tirar uma vida humana.
Em relação à barriga de aluguel, o papa Francisco adotou uma postura rígida, pedindo a proibição global da prática em 2024, chamando-a de “deplorável” e “grave violação”. Esse posicionamento reacendeu tensões com setores progressistas, especialmente entre grupos LGBTQIA+.
Com uma postura que equilibra a defesa da vida com o acolhimento pastoral, o papa Francisco segue firme em suas convicções em relação ao aborto e à barriga de aluguel, gerando debates e controvérsias dentro e fora da Igreja Católica.