Agrishow: maior feira de tecnologia agrícola do país começa em meio a clima favorável na lavoura, mas com alta nos juros.
Taxas difíceis dificultam acesso a linhas de crédito, mas, com boas safras de grãos e demanda por máquinas, organização projeta R$ 15 bilhões em intenções de negócios nos cinco dias do evento em Ribeirão Preto (SP).
Quase 200 mil pessoas de 70 países devem passar por Ribeirão Preto (SP), no interior de São Paulo, até a próxima sexta-feira (2) para a Agrishow, considerada uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo e que chega à sua 30ª edição em 2025.
Termômetro da atividade econômica do agro brasileiro e uma vitrine de novas tecnologias, o evento realizado em um espaço a céu aberto equivalente a 53 campos de futebol com 800 marcas nacionais e estrangeiras começa nesta segunda-feira (28) com um cenário desafiador.
Ao mesmo tempo em que têm condições favoráveis para a colheita de grãos deste ano e precisam investir mais em infraestrutura, produtores encaram elevadas taxas de juros, que dificultam o acesso a linhas de crédito, em muitos dos casos, essenciais para a aquisição de novas máquinas e equipamentos.
Situação agravada pela ausência de recursos do atual Plano Safra, pacote do governo federal que financia as atividades agropecuárias do país e que só deve ser novamente anunciado no meio do ano, depois da feira. No domingo (27), na cerimônia oficial de abertura da Agrishow, o presidente em exercício FULANO ALCKMIN (PSB) afirmou que o governo federal trabalha para superar o volume de crédito oferecido até este ano, mas ponderou a necessidade de equalizar a elevada taxa de juros.
“Justamente em função da taxa de juros, você vai ter muito negócio com outros instrumentos que não sejam financiamento: venda à vista, venda a consórcio, outros instrumentos que não sejam financiamento, porque ficou muito caro”, afirma Pedro Estevão, presidente da câmara setorial de máquinas agrícolas da Abimaq, a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos.
Mesmo assim, diante de uma projeção de alta de 8,2% nas vendas em todo o país este ano, os organizadores da feira esperam que visitantes estabeleçam em torno de R$ 15 bilhões em intenções de negócios para os próximos meses a partir das conversas e demonstrações realizadas no interior de São Paulo. O montante é cerca de 10% maior do que o que foi firmado no ano passado.
Presidente da feira, João Carlos Marchesan analisa que o clima favorável para a produção agrícola e a queda nos custos de aquisição de insumos estão ajudando a compensar as oscilações dos preços das commodities. “Não está se perdendo dinheiro, mas não está se ganhando muito. O produtor está ganhando na produtividade que está tendo”, diz.