Devota de Carlo Acutis, menina de 11 anos planeja se tornar freira e vive expectativa por canonização: ‘Minha inspiração’
Mãe e filha fizeram uma campanha online para arrecadar dinheiro e poder viajar do interior de São Paulo até o Vaticano, para acompanhar a canonização do beato. Com o adiamento da cerimônia para tornar Cutis um santo, elas puderam acompanhar de perto a despedida do papa Francisco.
Devota mirim de Carlo Acutis, menina de 11 anos planeja se tornar freira e vive
expectativa por canonização — Foto: Arquivo pessoal/Grazielly Vilas Boas
De São José dos Campos, no interior de São Paulo, para Roma, na Itália. Esse foi o destino traçado pela Grazielly Villas Boas e a Maria Cecília, mãe e filha, com o objetivo de acompanhar a canonização de Carlo Acutis.
Tudo começou com a devoção da pequena Maria Cecília, de 11 anos, ao beato, que teve a canonização adiada após a morte do papa Francisco, na última semana – leia mais abaixo.
“Eu gosto do Carlo Acutis porque ele me ensinou o que eu já sabia, só que ele
enfatizou, deixou esse desejo mais forte, que todo mundo pode ser santo. E a
juventude é um dos melhores momentos para que isso aconteça”, explicou Maria Cecília ao G1.
> “Eu busco a minha inspiração nele, porque a gente tem que se inspirar nos
> santos e se assemelhar a Jesus e à Virgem Maria também. E eu tento ao máximo
> fazer isso, ser semelhante a cada um deles. Sei que não dá para ser igual ao
> Jesus, mas eu tento ser similar”.
Com a admiração pelo estilo de vida de Acutis, a pequena teve uma ideia: de ir à canonização dele, na Itália. A mãe, Grazielly, considerou o sonho praticamente improvável, mas decidiu aderir à ideia da filha e fez uma campanha na internet para arrecadar dinheiro para a viagem.
A mobilização foi grande nas redes sociais que, com uma ajuda aqui e outra ali, os recursos foram aparecendo. No fim das contas, a viagem de quatro dias saiu do papel na última semana.
“Na catequese, a catequista apresentou esse beato [Carlo Acutis] e ela foi
conhecer e começou a pesquisar. Ela começou a falar dele como o melhor amigo,
que ele era seu padrinho, cada hora contava uma história dele e cantava a música
dele”, relembrou a mãe.
Devota mirim de Carlo Acutis, menina de 11 anos planeja se tornar freira e vive
expectativa por canonização — Foto: Arquivo pessoal/Grazielly Vilas Boas
A experiência em solo foi marcada não só pela visita ao túmulo de Carlo Acutis. Com a morte do papa Francisco, elas também viveram uma experiência única: de acompanhar de perto a despedida do pontífice.
Mãe e filha conseguiram entrar na Praça de São Pedro para acompanhar a missa de despedida e, mais tarde, em um jantar com um casal de amigos, Grazielly falou do objetivo de levar a filha ao túmulo de Acutis.
O roteiro rumo à Igreja Santa Maria Maggiore, em Assis, começou com um desafio.
O trem que pegariam partiu antes delas chegarem a tempo.
> “O trem foi indo embora e aí o trem parecia um filme sabe? Parecia que eu vi
> os sonhos dela irem embora e meu coração se rasgava assim e eu queria fazer
> alguma coisa”, contou a mãe.
Elas então pegaram outro trem, com destino a outra cidade que fazia ligação com Assis e conseguiram chegar à Igreja.
“É uma colina assim muito grande. A colina não tinha ninguém nesse momento, mas
lá em cima estava lotado, cheio de pessoas visitando o túmulo. E aí ela (Maria
Cecília) conversou com algumas freiras e entrou para visitar”, disse Grazielly.
Em seguida, ela conheceu uma voluntária, que a apresentou para uma freira e
contou a história. A freira, responsável pelo corpo de Carlo Acutis, fez com que
a menina se aproximasse do túmulo e ficasse sozinha por um tempo, diante do
beato.
“Depois, a gente saiu e ela foi descendo a colina e não tinha ninguém também.
Ela foi descendo e eu deixei porque era um estado de graça dela. Ela foi
descendo, passando a mão nas paredes, acenando para o céu, então viveu um
momento muito agraciado de Deus”, lembrou a mãe.
Devota mirim de Carlo Acutis, menina de 11 anos planeja se tornar freira e vive
expectativa por canonização — Foto: Arquivo pessoal/Grazielly Vilas Boas
Desejo de ser freira
Ao G1, a mãe da pequena contou que ela revelou o desejo de se tornar freira. O
chamado foi recebido no ano passado.
“Parece que tem um jeito que ela se comporta, o jeito que ela fala da igreja.
Parece que ela já pertence à vida religiosa, porque no ano passado ela recebeu o
chamado para ser freira”, disse.
Maria Cecília, inclusive, já escolheu o local onde vai viver a missão religiosa:
é o convento Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, em São José dos Campos.
> “A juventude é um dos melhores momentos para que isso aconteça. Como um
> franciscano disse, que como eu sou jovem, eu tenho que buscar a verdade na
> palavra e rezar bastante”, contou Maria.
Mãe e filha voltam para o Brasil nesta terça-feira (29). O sentimento, após tudo o que aconteceu, é de um milagre realizado.
“Vivendo tudo isso aqui, eu estou indo embora com uma certeza muito grande do
meu coração, não dá para explicar. […] Eu vou embora com uma grande certeza:
eu presenciei um milagre. Eu vivi um milagre. Foi Deus, foi lindo de ver. É como
se eu estivesse assistindo algo tão único”, finalizou Grazielly.
Carlo Acutis
A canonização de Carlo Acutis, conhecido como o primeiro santo da geração millenial e “padroeiro da internet”, foi suspensa por conta do falecimento do papa Francisco.
Carlo Acutis seria canonizado no último domingo (27), em uma cerimônia na Praça São Pedro. O Vaticano ainda não deu informações sobre quando o processo deve ser retomado.
Carlo morreu de leucemia, em 2006, aos 15 anos. Com talento na área de tecnologia, o adolescente divulgava conteúdo cristão na internet e criou um site para catalogar milagres. A Igreja Católica o apelidou de “influencer da santidade”.
Em 2019, o Vaticano reconheceu e creditou a Carlo um milagre que aconteceu no Mato Grosso do Sul. Segundo a Igreja Católica, uma criança que estava doente foi curada após tocar uma roupa que tinha o sangue do italiano.
O milagre no Brasil aconteceu no dia 12 de outubro de 2010, exatamente quatro anos após a morte de Carlo Acutis. Em 2020, Francisco declarou o italiano beato.
Neste ano, o papa reconheceu um segundo milagre atribuído ao “padroeiro da internet”. Segundo o Vaticano, Carlo curou uma jovem da Costa Rica que sofreu um acidente.
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