Trump impõe tarifa de 100% sobre filmes produzidos fora dos EUA

O famoso Letreiro de Hollywood, em Los Angeles, em imagem registrada às 11h38 (6h38, no horário local) de 9 de janeiro de 2025 — Foto: Damian Dovarganes/AP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo, 4, que o país irá impor uma tarifa de 100% sobre todos os filmes produzidos no exterior. Segundo ele, a medida é uma resposta à “morte muito rápida” da indústria cinematográfica norte-americana, provocada por incentivos oferecidos por outros países para atrair cineastas.

“Esse é um esforço conjunto de outras nações e, portanto, uma ameaça à segurança nacional. Além de tudo o mais, trata-se de mensagens e propaganda”, declarou o presidente na rede Truth Social.

Trump afirmou ainda que autorizou o Departamento de Comércio e outros órgãos governamentais a iniciarem imediatamente o processo de implementação da nova tarifa. “Queremos filmes produzidos na América de novo”, escreveu.

O secretário de Comércio, Howard Lutnick, confirmou, através da rede X (antigo Twitter), que está cuidando do assunto. No entanto, nem Trump nem Lutnick divulgaram detalhes sobre como a tarifa será aplicada — se afetará também os filmes exibidos via streaming, por exemplo, ou como será calculada: com base nos custos de produção ou na arrecadação nas bilheteiras.

A notícia pegou a indústria de surpresa. Executivos de Hollywood passaram a noite de domingo tentando entender os impactos da medida, mas a Motion Picture Association, entidade que representa os principais estúdios de cinema, não se pronunciou oficialmente.

Em janeiro, Trump havia nomeado os veteranos de Hollywood Jon Voight, Sylvester Stallone e Mel Gibson como responsáveis por “trazer Hollywood de volta maior, melhor e mais forte do que nunca”.

A produção audiovisual nos EUA, especialmente em Los Angeles, vem encolhendo há anos. Governos de outros países, como Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, vêm oferecendo descontos, créditos fiscais e outros incentivos que tornaram suas regiões mais atrativas para produções de alto orçamento. Em 2023, metade dos gastos de produtores americanos em projetos com orçamento acima de US$ 40 milhões foi destinada a filmagens no exterior, segundo a consultoria ProdPro.

Hoje, líderes da Austrália e da Nova Zelândia reagiram ao anúncio e prometeram defender seus setores audiovisuais. A Austrália, por exemplo, recebeu produções da Marvel, enquanto a Nova Zelândia foi cenário da trilogia “O Senhor dos Anéis”.

De acordo com a FilmLA, organização que monitora a atividade da indústria em Los Angeles, a produção de filmes e séries na região caiu quase 40% na última década.

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