O governo do Paquistão autorizou suas forças armadas a responder de forma “proporcional” ao ataque realizado pela Índia durante a madrugada desta quarta-feira, 7, que matou pelo menos 26 pessoas em diferentes regiões do país, incluindo a Caxemira e a província de Punjab. A escalada reacende o temor de um confronto direto entre duas potências nucleares com histórico de hostilidades.
Segundo autoridades paquistanesas, a ofensiva indiana teve como alvo nove locais e provocou destruição em áreas residenciais, mesquitas e infraestruturas civis. Entre os mortos, há mulheres e crianças. Islamabad classificou os bombardeios como um “ato flagrante de guerra” e negou a existência de qualquer instalação terrorista nos locais atingidos.
A Índia justificou os ataques como uma resposta ao atentado ocorrido no fim do mês passado, na Caxemira sob seu controle, onde militantes mataram 25 turistas hindus e um guia. Nova Délhi acusa o Paquistão de apoiar os grupos responsáveis pela ação, como o Lashkar-e-Taiba e o Jaish-e-Mohammed, ambos já ligados a ataques anteriores em território indiano.
O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, afirmou que os alvos foram “terroristas e seus campos de treinamento”. Já o Ministério da Defesa classificou a operação, batizada de “Sindoor”, como “focada, medida e de natureza não escalatória”. Nenhuma instalação militar paquistanesa teria sido atingida, segundo o governo indiano.
Do lado paquistanês, o primeiro-ministro Shehbaz Sharif se reuniu com o Conselho de Segurança Nacional e autorizou as forças armadas a agir “no momento, local e forma que julgarem adequados”. Parlamentares do país reforçaram o direito à autodefesa e prometeram uma resposta à altura.
Foi a primeira vez, desde a guerra de 1971, que mísseis indianos atingiram o interior de Punjab, região estratégica do Paquistão. Pelo menos 16 das 26 vítimas fatais morreram nessa província.
Imagens e relatos de moradores descrevem cenas de pânico e destruição em Muzaffarabad, principal cidade da Caxemira paquistanesa, e em localidades de Punjab. Bombardeios também atingiram áreas próximas a mesquitas e antigos centros de grupos militantes, oficialmente proibidos no país.
A tensão se estendeu ao longo da Linha de Controle, fronteira de fato entre os dois países na Caxemira. Houve intensa troca de tiros, que resultou na morte de pelo menos 12 civis do lado indiano e cinco do lado paquistanês, além de dezenas de feridos. Milhares de pessoas foram forçadas a deixar suas casas em busca de segurança.
Três aeronaves caíram após os bombardeios: duas na Caxemira indiana e uma em Punjab. A Índia ainda não comentou oficialmente sobre as perdas, mas moradores relataram explosões, quedas em áreas residenciais e o resgate de pilotos pelas forças armadas.
A ONU e a China apelaram por moderação. O secretário-geral António Guterres alertou para os riscos de uma escalada entre os países. Pequim, que tem interesses econômicos no Paquistão e disputas territoriais com a Índia, também pediu contenção.
Este novo episódio de violência reacende lembranças de 2019, quando um atentado matou 40 soldados indianos e levou a uma série de ataques aéreos entre os dois países. Índia e Paquistão já travaram três guerras por conta da Caxemira e mantêm a região como um dos pontos mais tensos do planeta.