O Conselho Deliberativo do Corinthians marcou para o dia 26 de maio a votação que pode resultar no impeachment do presidente Augusto Melo. A sessão será a retomada de uma reunião iniciada em 20 de janeiro, que teve a admissibilidade do processo aprovada por 126 votos a 114, mas acabou suspensa após mais de quatro horas de discussões no Parque São Jorge.
Na retomada, o presidente da Comissão de Ética do clube terá até 30 minutos para se pronunciar, seguido por Augusto Melo, que também poderá se defender pelo mesmo tempo. Em seguida, os conselheiros votarão a favor ou contra a destituição do dirigente. A apuração e a divulgação do resultado serão realizadas no mesmo dia.
Augusto Melo responde atualmente a quatro processos de impeachment. O primeiro está relacionado ao contrato com a casa de apostas VaideBet. O segundo, à falta de transparência sobre pendências financeiras do clube. O terceiro pedido foi protocolado no dia 5 de maio pelo conselheiro Paulo Roberto Bastos, após a reprovação das contas do primeiro ano da atual gestão. Já o quarto pedido foi feito pela Comissão de Justiça do Corinthians no dia 7.
A situação do presidente se agravou com a perda de apoio da principal torcida organizada do clube, a Gaviões da Fiel. Em nota oficial, o grupo afirmou que “não irá se opor a nenhuma reunião que paute a proposta de impeachment do atual presidente”. Esta é a primeira vez desde a eleição de Augusto Melo que a organizada rompe publicamente com a gestão.
Entre as críticas apresentadas pelos Gaviões estão a repetição de erros de administrações anteriores, como problemas recorrentes nas categorias de base e nomeações políticas, além da instabilidade interna e da falta de transparência em reuniões do Conselho. A torcida também cobrou respostas claras, um plano de ação com prazos definidos e a divulgação do orçamento de 2025, com relatórios trimestrais.
O principal escândalo envolvendo a gestão Melo gira em torno do contrato com a VaideBet. Anunciado em 7 de janeiro de 2024 como o maior patrocínio máster do futebol brasileiro, o acordo foi rompido cinco meses depois, em 7 de junho, após denúncias de intermediação suspeita envolvendo um possível “laranja”.
Segundo reportagem do jornalista Juca Kfouri, a empresa Rede Social Media Design LTDA, responsável por intermediar o contrato, teria repassado parte da comissão paga pelo clube à Neoway Soluções Integradas, empresa que tem como sócia Edna Oliveira dos Santos. Edna, moradora de Peruíbe (SP), afirmou ao Uol desconhecer o negócio.
Antes do rompimento, a VaideBet havia enviado ao Corinthians uma notificação extrajudicial, alegando que as denúncias violavam uma cláusula anticorrupção do contrato. O clube respondeu oficialmente às acusações, mas não conseguiu evitar a rescisão.