Guerra fiscal entre EUA e China favorece exportação de calçados do Brasil

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Exportação, mão de obra, mercado interno: guerra fiscal entre EUA e China favorece indústria de calçados do Brasil?

O segmento de calçados do Brasil projeta um aumento nas vendas para o exterior até o ano de 2025, porém, enfrenta preocupações com a elevação das importações e a concorrência dos asiáticos no mercado interno. Uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que teve início com a volta de Donald Trump à Casa Branca, gerou perspectivas e desafios para as indústrias brasileiras exportadoras de calçados.

Em locais tradicionais como Franca (SP), conhecida como a capital do calçado masculino, a desvalorização da moeda brasileira e o aumento de taxas sobre produtos asiáticos contribuíram para um crescimento de 14% nas exportações no primeiro trimestre deste ano, totalizando um faturamento local de US$ 64 milhões e a expectativa de ampliação no mercado norte-americano.

Com a imposição de tarifas sobre o calçado brasileiro nos Estados Unidos, que subiu de 17,3% para 27,3%, o setor tem buscado se adaptar. A taxação sobre os calçados fabricados na China, Vietnã e Indonésia, que concentram a maior parte das importações nos EUA, também aumentou. Apesar disso, o calçado brasileiro se tornou mais competitivo para a importação nos Estados Unidos.

A reconfiguração tarifária cria oportunidades para os calçados brasileiros conquistarem espaço no mercado americano, à medida que as taxas sobre produtos chineses aumentam. Essa mudança nos padrões de taxação internacional dificulta a entrada de calçados chineses nos EUA, abrindo caminho para os produtos brasileiros.

No entanto, os calçadistas enfrentam desafios, como a limitação da capacidade produtiva em polos como Franca. Questões como a baixa disponibilidade de mão de obra e falta de preparação ao longo dos anos para se expandir estão entre os obstáculos enfrentados pelo setor. A capacidade produtiva em Franca, por exemplo, caiu de 30 mil para 14 mil funcionários ao longo dos anos.

Além das questões estruturais, a guerra tarifária acende alertas para o mercado interno brasileiro, que pode ser invadido por mais calçados chineses. Mesmo com medidas protecionistas, como a taxa antidumping, a entrada de calçados chineses pode prejudicar os fabricantes brasileiros.

Para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades, os calçadistas adotam diferentes estratégias, como participação em feiras internacionais, fortalecimento do comércio online, diversificação dos canais de venda e valorização do alto padrão dos calçados brasileiros. Estas estratégias visam consolidar as vendas no mercado interno e expandir a presença nos mercados externos.

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