A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu o inquérito que investiga a morte de Ketlhyn, uma adolescente de 15 anos, baleada na cabeça pelo namorado, o médico Bruno Felisberto, de 29 anos. O crime ocorreu na madrugada do dia 3 de maio, em Guarantã do Norte. O médico foi indiciado por feminicídio e mais seis crimes, e poderá ser condenado a até 62 anos de prisão em regime fechado.
De acordo com as investigações, o disparo foi feito dentro do carro do médico, logo após o casal sair de um bar no centro da cidade. Bruno alegou que o tiro foi acidental e que acreditava que a arma estivesse descarregada. Ele afirmou ter socorrido a adolescente imediatamente, levando-a ao hospital, onde tentou acompanhar os procedimentos de reanimação.
Segundo o boletim de ocorrência, o médico chegou à unidade hospitalar em estado de choque, implorando para que salvassem a vida da jovem. Após a confirmação da morte, ele teve um surto e danificou parte das instalações do hospital. A Polícia Militar foi acionada por volta das 2h e chegou ao local minutos depois.
O delegado Waner Neves, responsável pelo inquérito, indiciou Bruno Felisberto pelos crimes de feminicídio, dano ao patrimônio público, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disparo de arma de fogo, dirigir sob efeito de álcool, entregar veículo a pessoa não habilitada e fornecer bebida alcoólica a menor de idade.
A investigação reconstituiu a linha do tempo dos acontecimentos, ocorridos em apenas 33 minutos. O casal deixou o bar às 00h55. Às 00h57, Bruno conduzia o veículo pela Avenida José Nelson Coutinho. Um minuto depois, a adolescente assumiu a direção do carro. Foi nesse momento, dentro do veículo, que o disparo foi feito. Às 01h01, o carro chegou em alta velocidade à Avenida Dante Martins de Oliveira, em direção ao hospital, onde chegaram às 01h02. O óbito foi declarado às 01h28.
Ainda segundo a polícia, o médico adquiriu a arma usada no crime de forma ilegal em 2022. Ele conheceu Ketlhyn entre outubro e novembro de 2024, por meio da irmã da adolescente. Em janeiro de 2025, iniciaram uma união estável. Três meses depois, ela foi levada ao hospital por ele com sangramento nasal. O próprio médico fez o atendimento e descartou qualquer indício de agressão.
Um vídeo publicado nas redes sociais da jovem mostra o médico brincando com uma arma enquanto dirigia ao lado dela. Em determinado momento, ele tira as mãos do volante para pegar a arma, e uma mulher, identificada como a mãe do médico, aparece rindo da cena.
A polícia também apurou que Bruno havia realizado disparos com a mesma arma uma semana antes da morte de Ketlhyn, em Guarantã do Norte.