O longa brasileiro O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, conquistou a crítica internacional durante sua estreia no Festival de Cannes no último domingo, 18. A obra foi recebida com 13 minutos de aplausos, a maior duração registrada até o momento no evento, e tem sido muito elogiada por críticos de importantes veículos internacionais.
Concorrendo à Palma de Ouro, a principal premiação do festival, o filme já apresenta uma excelente avaliação no Metacritic, com nota 86. Além disso, os jurados do festival deram ao longa a média de 3,67 pontos em 5 possíveis, a melhor entre as produções exibidas até agora.
Ambientado em 1977, durante a ditadura militar brasileira, O Agente Secreto acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que retorna a Recife em busca de tranquilidade, mas acaba descobrindo os perigos e segredos sombrios da cidade. O elenco reúne atores renomados como Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Alice Carvalho e Carlos Francisco, que contribuem para o tom de suspense e crítica social da trama, marcas características do diretor pernambucano.
A crítica internacional destacou a maestria do filme. David Rooney, da The Hollywood Reporter, qualificou a obra como “magistral”, ressaltando o equilíbrio entre momentos de humor anárquico e um suspense genuíno. Peter Debruge, da Variety, elogiou a capacidade do diretor de transportar o espectador ao passado com uma atmosfera carregada de tensão e paranoia, ressaltando a complexidade da narrativa ao explorar “nostalgias perversas” em tempos difíceis.
Matt Neglia, do Next Best Picture, destacou que o filme foge do padrão convencional de histórias de espionagem, sendo ainda mais fascinante por isso, e que a mensagem contundente e as escolhas narrativas fazem dele um capítulo importante da história brasileira a ser contado.
Além disso, O Agente Secreto foi reconhecido por abordar temas sociais profundos. Carlos Aguilar, do The Playlist, chamou o filme de um “épico tematicamente rico”, que investiga as divisões culturais entre Norte e Sul do Brasil e as cicatrizes do racismo histórico no país. David Ehrlich, da IndieWire, apontou que o diretor utiliza o passado para criar uma ficção que revela verdades importantes, reforçando o valor da narrativa ficcional como meio de reflexão.
Após a recepção positiva em Cannes, O Agente Secreto segue sua trajetória no festival como uma das produções mais promissoras, reafirmando a força do cinema brasileiro e o talento de Kleber Mendonça Filho em abordar questões universais sob uma perspectiva genuinamente nacional.