Impactos da hiperconexão na infância: alerta de especialista para saúde mental na era digital

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A hiperconexão na infância é um tema que tem gerado preocupação entre especialistas, como o psicólogo social Jonathan Haidt. Durante um evento que reuniu mais de mil pessoas em São Paulo, o professor da Universidade de Nova York trouxe à tona questões relacionadas à saúde mental na era digital. De acordo com Haidt, a infância está passando por uma transformação radical, que não necessariamente beneficia as crianças e adolescentes que crescem na era dos smartphones.

O alerta feito por Haidt é claro: a humanidade está se tornando menos inteligente em um momento em que as máquinas estão se tornando mais inteligentes do que nós. O psicólogo destacou que o crescente uso de dispositivos eletrônicos tem levado a um estilo de vida marcado por menos interação social, mais sedentarismo e uma diminuição na capacidade de concentração. Para ele, as crianças estão perdendo a habilidade de focar e se distraem facilmente com a presença constante de telas em suas vidas.

Durante a palestra em São Paulo, Haidt ressaltou a diferença de desenvolvimento entre as gerações que nasceram antes e depois da popularização dos smartphones. Para exemplificar, ele comparou o estilo de vida de uma criança nascida em 1995, que cresceu sem acesso à internet, com uma criança nascida em 2000, que já teve contato com smartphones e redes sociais desde cedo. Essa mudança tem impactado diretamente a forma como as crianças interagem e se desenvolvem socialmente.

O pesquisador também apresentou dados que mostram uma queda significativa no tempo que os adolescentes passam com amigos fora do ambiente escolar, correlacionando essa diminuição com o uso frequente de smartphones. Haidt comparou esse isolamento social à curva observada durante a pandemia de Covid-19, destacando como a infância se tornou mais solitária e menos conectada ao convívio com outras crianças. O psicólogo enfatizou a importância de preservar a experiência de brincar ao ar livre e interagir cara a cara, em vez de se fechar em telas digitais.

Além dos impactos mais conhecidos da hiperconexão, como o aumento da ansiedade e depressão entre os jovens, Haidt ressaltou outro efeito menos discutido: a queda na capacidade de manter a atenção. Para ele, as crianças estão cada vez mais dispersas e têm dificuldade em se concentrar, pois são constantemente bombardeadas por conteúdos digitais no TikTok, Instagram e outras plataformas. Essa competição pela atenção das crianças tem se mostrado desigual e preocupante para o desenvolvimento saudável.

Diante desse cenário, Haidt fez um apelo para que os governos adotem medidas mais rígidas para proteger as novas gerações. Entre as sugestões, ele propôs a proibição do uso de redes sociais por menores de 16 anos e o adiamento do acesso a smartphones até os 14 anos. O psicólogo acredita que é fundamental estabelecer limites e criar um ambiente mais saudável para o desenvolvimento das crianças. No Brasil, ele sugeriu que as autoridades considerem a possibilidade de elevar a idade mínima para o uso de redes sociais, visando proteger o bem-estar das crianças e adolescentes.

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