Justiça condena mulher acusada de chamar frequentadores de clube de ‘negros imundos’ em Piracicaba
Segundo a denúncia, ela também afirmou a uma adolescente negra que seu cabelo
era “ridículo”. Pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade.
1 de 2 Caso ocorreu no Clube Cristovão Colombo em Piracicaba. — Foto:
Reprodução/EPTV
Caso ocorreu no Clube Cristovão Colombo em Piracicaba. — Foto: Reprodução/EPTV
A Justiça de Piracicaba (SP) condenou uma mulher acusada de injúria racial contra três pessoas dentro de um clube da cidade, em 13 de fevereiro de 2024. Segundo a denúncia, ela xingou duas vítimas de “negros imundos” e afirmou a uma
adolescente que seu cabelo era “ridículo”, além de alisar a pele do próprio
braço, fazendo alusão à pele negra da jovem. A defesa informou que vai recorrer.
* ‘Estamos em 2024 e ainda tem gente com essa atitude’, diz jovem vítima de
racismo em clube
O caso aconteceu no Clube Recreativo Cristóvão Colombo, em 13 de fevereiro de
2024. De acordo com dois amigos que estavam na área de uma das piscinas do
clube, Zeni Souto de Barros passou por eles e jogou água em ambos, o que lhes
causou estranheza, já que não a conheciam.
Minutos depois, ela retornou e passou a proferir ofensas verbais contra eles,
dizendo “seus escrotos, nojentos, seus negros imundos, não era para vocês
estarem aqui” e que “aquele era o seu local”, também conforme a denúncia.
Na sequência, segundo as vítimas, Zeni deu socos no braço de um dos homens e
disse: “você é um bosta, um merda, você é um negro, você não deveria estar
aqui”.
ADOLESCENTE É UMA DAS VÍTIMAS
O diretor patrimonial do clube interveio e, após se identificar como diretor do
clube, diz que também foi xingado: “quem você pensa que é? Um bosta”.
Ao presenciar as ofensas dirigidas a seu genitor, a filha do diretor disse para
a ré: “você não pode falar assim com meu pai”. Em resposta, Zeni se dirigiu à
adolescente e passou a alisar a pele do próprio braço, fazendo alusão à pele
negra da vítima, e disse a ela: “olha o seu cabelo”, segundo a jovem.
Justiça solta mulher presa por injúria racial em Piracicaba
Justiça solta mulher presa por injúria racial em Piracicaba
ACUSADA NEGA O CRIME
A ré foi presa em flagrante e levada ao Plantão Policial de Piracicaba, onde
negou o crime. Ela afirmou que estava em uma das piscinas e lançou água em uma
das vítimas de brincadeira. E que, por isso, ele passou a ofendê-la, dando
início a uma discussão. E que, depois, chegaram as outras pessoas e a discussão
aumentou.
Zeni afirma que em momento algum proferiu ofensas racistas e só disse: “não me
encham o saco”. Ela foi liberada horas depois, após audiência de custódia na
Justiça.
AGIU ‘COMO SE FOSSEM INFERIORES’, DIZ JUÍZA
A acusada foi denunciada à Justiça pelo Ministério Público em 5 de setembro de
2024.
“Ficou, enfim, comprovado que a ré injuriou as vítimas, utilizando expressões e
gestos ligados à raça e à cor, sendo inegável o dolo de ofender a honra
subjetiva da vítima”, afirma na sentença a juíza Gisela Ruffo, da 4ª Vara
Criminal de Piracicaba.
Ela afirma que não há motivos para colocar em dúvida as declarações das vítimas,
pois sequer se conheciam ou conheciam a acusada antes dos fatos e tiveram
depoimentos coerentes e seguros.