Juiz cria nome falso por decepção com vida no exterior, revela laudo psiquiátrico: Defesa alega Transtorno de Personalidade Esquizoide

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Decepção com vida no exterior levou juiz a criar nome falso, diz laudo psiquiátrico

Defesa afirma que juiz sofria de Transtorno de Personalidade Esquizoide e que mudança de identidade não visava prejudicar ninguém.

Ao sentir-se desapontado com a vida no exterior e frustrado por não ter realizado seu sonho de morar em um país de língua inglesa, o juiz aposentado José Eduardo Franco dos Reis decidiu criar um novo nome e uma nova identidade. Segundo um laudo psiquiátrico apresentado à Justiça, o magistrado desenvolveu um quadro de Transtorno de Personalidade Esquizoide (TPE) e adotou o nome Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield como uma forma de “renascer outra pessoa”.

A defesa pede à Justiça que instaure um incidente de insanidade mental para avaliar o estado psicológico do magistrado. Reis é réu em uma ação penal na Justiça de São Paulo, onde o laudo psiquiátrico foi anexado à sua resposta à acusação.

Segundo o documento assinado pelo psiquiatra forense Gustavo Bonini Castellana, o juiz foi motivado por uma forte decepção pessoal ao criar sua nova identidade. Após fracassar em iniciar uma vida nova nos Estados Unidos aos 18 anos, Reis retornou ao Brasil sentindo-se abalado. Com vergonha e um desejo intenso de recomeçar, ele decidiu mudar de identidade a pedido de um colega de pensão.

O novo nome adotado pelo magistrado fez referência a personagens da literatura inglesa, proporcionando a ele um alívio psicológico. Após mais de 40 anos vivendo com essa identidade falsa, assinando documentos públicos e decisões judiciais, a descoberta veio enquanto tentava renovar seu RG. Durante o processo, as impressões digitais revelaram a verdadeira identidade de Reis.

A defesa alega que a mudança de identidade foi motivada exclusivamente por questões pessoais e psicológicas, sem intenção de prejudicar terceiros. Pedem a consideração de um Acordo de Não Persecução Penal devido à ausência de danos a terceiros e ao fato de o magistrado não ter obtido vantagens indevidas com a identidade falsa.

A defesa também apresentou um laudo médico afirmando que Reis apresenta características compatíveis com Transtorno de Personalidade Esquizoide e que a mudança de identidade foi uma forma de lidar com seu quadro psicológico complexo. A Justiça ainda não se manifestou sobre a instauração do incidente de insanidade mental ou sobre o pedido de acordo para evitar a persecução penal.

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