Carro apreendido na casa do filho do ‘Careca do INSS’ pertencia a esposa de ministro do TCU
Em nota, ministro diz que veículo foi vendido em março, em negociação ‘intermediada por terceiro’ com total transparência. Lobista é considerado figura chave em esquema.
Um veículo apreendido em abril pela Polícia Federal na casa do filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, pertencia à esposa do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jhonatan de Jesus.
A informação foi revelada pelo portal “Metrópoles” e confirmada pela TV Globo.
O veículo, uma BMW X1, foi um dos seis carros – alguns de luxo – apreendidos na residência do filho de Antunes, onde também foram encontradas duas motos.
Em nota divulgada pelo TCU, o ministro informou que o veículo, em nome de sua esposa, havia sido vendido no dia 27 de março – pouco menos de um mês antes da operação, em 23 de abril – em negociação “intermediada por terceiro” e que “nenhum contato direto foi mantido entre os proprietários e os compradores.” (veja a íntegra ao fim desta reportagem)
“A venda do veículo foi realizada com total transparência, legalidade e regularidade, de maneira rotineira, sem qualquer relação com os fatos investigados na mencionada operação da Polícia Federal”, diz a nota.
FIGURA CHAVE
A apreensão foi parte da operação Sem Desconto, que investiga fraudes e descontos indevidos em benefícios do INSS. Antunes, um dos alvos da operação, é apontado pelos investigadores uma figura chave no esquema.
Quem é o ‘Careca do INSS’, nome por trás do esquema que desviou bilhões de aposentadorias
A PF afirma que associações que oferecem serviços a aposentados cadastravam pessoas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS. O prejuízo, entre os anos de 2019 e 2024, pode chegar a R$ 6,3 bilhões.
Sócio de 22 empresas, ele é apontado como lobista para as entidades que realizavam os descontos de mensalidades. A PF investiga ainda a possibilidade de que ele tenha realizado pagamentos a servidores do INSS também alvos da operação.
Nesta terça-feira (20), outros cinco carros de luxo foram apreendidos pela PF em uma garagem em Brasília. Os veículos também estariam ligados a empresas de Antunes – a polícia chegou aos carros após informações da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que recebeu uma denúncia anônima.
Em nota, a defesa de Antunes diz que “as acusações apresentadas contra seu cliente não correspondem à realidade dos fatos” e que “a inocência de Antonio será devidamente comprovada”.
Veja íntegra da nota divulgada pelo ministro Jhonatan de Jesus:
Relativamente à reportagem publicada pelo portal Metrópoles, que menciona a apreensão de um veículo BMW anteriormente registrado em nome da esposa do Ministro Jhonatan de Jesus, esclarece-se o que segue:
O referido veículo foi vendido de forma legítima e regular em 27 de março de 2025, com o pagamento efetuado mediante transferência bancária direta para a conta da Sra. Thallys Mendes dos Santos de Jesus, às 10h06 daquela data. À época da venda, o automóvel possuía pendências relativas a licenciamento e multas, as quais foram devidamente quitadas pela própria vendedora, condição necessária para a emissão do Documento Único de Transferência (DUT) e da Autorização para Transferência de Propriedade do Veículo (ATPV-e), ambos expedidos posteriormente.
Concluída essa etapa, o veículo foi regularmente transferido junto ao DETRAN/DF, tendo a transação sido finalizada de acordo com os trâmites legais. Cabe ressaltar que a vistoria e efetivação da transferência documental perante o órgão de trânsito são de responsabilidade exclusiva do comprador.
Importante destacar que a negociação foi intermediada por terceiro, que ofereceu o veículo à empresa interessada. Nenhum contato direto foi mantido entre os proprietários e os compradores, e toda a documentação foi conduzida por despachantes legalmente constituídos, conforme prática usual em transações dessa natureza.
Dessa forma, a venda do veículo foi realizada com total transparência, legalidade e regularidade, de maneira rotineira, sem qualquer relação com os fatos investigados na mencionada operação da Polícia Federal.