Documentário alerta riscos à produção de alimentos diante da ameaça à reprodução de abelhas

Filme destaca a importância da preservação das abelhas, que sofrem ameaças como a pulverização de agrotóxicos. Cenas também mostram o resgate de abelhas em locais inusitados da Grande Goiânia.

1 DE 2 Filme “Resgate Abelha” mostra o trabalho de apicultores dedicados à preservação dos insetos em Goiânia, Goiás — Foto: Kaco Olímpio/Arquivo pessoal

O filme “Resgate Abelha”, que será lançado na próxima quinta-feira (22), em Goiânia, mostra a vida desses insetos e dos enxames, além do trabalho de apicultores dedicados à preservação. Além disso, o curta retrata os riscos à produção de alimentos diante da ameaça à reprodução de abelhas.

Para assistir, basta ir ao Cine Cultura, localizado no Centro Cultural Marieta Telles Machado, na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, no Setor Central. A sessão é gratuita, e a retirada de ingressos pode ser realizada com até uma hora de antecedência, havendo possibilidade de lotação. A sessão começa a partir das 18h30.

A obra é dirigida pelos cineastas goianos Kaco Olímpio e Luciano Evangelista. “Usamos algumas lentes macro para conseguir capturar imagens das abelhas bem de perto e para conseguir ver em detalhes, procurando formas visuais bem impactantes para contar essa história”, disse Kaco.

O filme também celebra o Dia Mundial das Abelhas, que foi comemorado na última terça-feira (20), e relembra a importância desses insetos para o meio ambiente e para a vida na Terra. Segundo a organização, as abelhas estão sob ameaça em todo o mundo, colocando em risco a polinização de cerca de 75% das culturas alimentares globais.

“O filme é um convite para as pessoas se atentarem mais sobre a importância das abelhas e até conhecerem mais sobre o tema para ajudar e contribuir. Um enxame resgatado é um enxame que não foi exterminado”, disse o cineasta Kaco.

Gisana Cristina é uma das personagens do documentário. Ela é doutoranda em qualidade do mel, especialista na preservação de abelhas e técnica na Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

“As abelhas fazem o processo de polinização, que é a reprodução das plantas. Sem as plantas, não temos os frutos; sem eles, não temos os animais que se alimentam dos frutos. Sem os animais, não temos os animais que se alimentam desses animais”, contou ela.

O biólogo Edson Abrão disse que 70% da polinização das plantas no mundo é feita por cerca de 75% pelas abelhas. “Os produtos agrícolas que os fazendeiros e os plantadores usam para matar insetos acabam com as abelhas. As pessoas não entendem que, sem as abelhas, elas vão ter prejuízo e não vão ter produção de frutos”, contou o biólogo.

Nas imagens captadas, as colmeias são mostradas de perto, com detalhes do funcionamento de um enxame: os ovos, as larvas, as operárias. As produções receberam incentivo da Lei Federal Paulo Gustavo.

Um estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), de 2019, apontou que algumas regiões relataram uma redução de até 30% nas populações de abelhas. As principais causas incluem o uso excessivo de pesticidas, a destruição de habitats naturais, as mudanças climáticas e a disseminação de doenças.

Além de Resgate Abelha, serão exibidos outros cinco curtas-metragens na mesma sessão, que tem cerca de 1h de duração.

2 DE 2 Documentário Resgate Abelha será lançado na próxima quinta-feira (22), em Goiânia — Foto: Kaco Olímpio/Arquivo pessoal

DOCUMENTÁRIO RESGATE ABELHA

O documentário mostra uma das alternativas para a polinização, que é a assistida, onde caixas de abelhas são colocadas próximas às plantações para melhorar a qualidade e a produtividade agrícola. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a técnica promove, por exemplo, aumentos significativos no peso e na qualidade de frutos como o café.

Apesar disso, a técnica enfrenta desafios, sendo um deles o uso indiscriminado de pesticidas e agrotóxicos. As abelhas realizam a polinização ao longo do dia e retornam às colmeias no fim da tarde, sendo essencial evitar pulverizações nesse período.

No filme, um apicultor mostra que já perdeu muitas abelhas devido à falta de conscientização dos agricultores. O documentário também mostra o trabalho de profissionais que atuam em Goiânia e região com os resgates de abelhas em áreas urbanas.

Conforme a organização, algumas colmeias são formadas em locais “inusitados”, como dentro de aparelhos de ar-condicionado, escapamentos de carros e até em grandes alturas de prédios.

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