Crise financeira na UFRJ: falta de estrutura afeta ensino

crise-financeira-na-ufrj3A-falta-de-estrutura-afeta-ensino

Alunos da UFRJ relatam falta de estrutura e impacto no ensino por crise financeira

A UFRJ afirma que, entre janeiro e novembro, vai receber 60% dos R$ 406 milhões que estavam previstos para este ano. Segundo a universidade, o orçamento para 2025 é menos da metade que o de 2012.

DE, maior universidade do país, vive crise financeira

DE, maior universidade do país, vive crise financeira

A crise financeira enfrentada pela DE, a maior universidade federal do país, tem causado impactos significativos na infraestrutura de prédios e salas de aula, na disponibilidade de equipamentos de ensino e, principalmente, na qualidade da educação oferecida aos estudantes.

Por causa das más condições da frota de ônibus, os alunos afirmam que apenas 25% das atividades em campo aconteceram no ano passado.

O RJ2 percorreu o corredor do Departamento de Geologia, no campus do Fundão, e constatou os efeitos da falta de manutenção. O teto apresenta danos visíveis e um balde permanece no local 24 horas por dia para conter a água que escorre de uma goteira no cano de esgoto.

Nos banheiros, há portas caindo, pisos quebrados e, para garantir o mínimo de higiene, alunos e funcionários precisam levar o próprio papel higiênico.

> “E o sabonete é a mesma coisa, nunca tem, não fornecem. De noite fica escuro, a luz pisca, não tem luz, tem que vir acompanhado, com lanterna”, fala a estudante de geologia, Rafaella Fricks.

No laboratório, a cortina está em péssimas condições. Com o ar-condicionado quebrado, um ventilador foi improvisado para amenizar o calor. Além disso, muitos microscópios não funcionam.

“Mais de 150 alunos, e nós temos apenas 11 microscópios”, fala o estudante Eduardo Caldeira.

Além disso, os vazamentos são frequentes.

“Todas as disciplinas de fora do Departamento de Geologia nós frequentamos, até pra gente não se atrasar tanto. Mas as aulas do Departamento de Geologia, por conta dessa falta de atividade de campo, nós não frequentamos”, diz a estudante de geologia Marina Arruda.

No prédio de educação física, dois desabamentos, em 2023 e em 2024, ainda afetam a rotina das atividades.

> “A gente tá sem prédio, sem estrutura, não podendo usar o que é nosso de direito. Não tem reforma, posicionamento, dizem que vão dar parecer e não dão. A gente tá tendo aula em prédios que não são nossos”, fala a estudante Letícia Mendes.

“A gente tá em risco estudando aqui, mas não tem o que fazer porque a gente precisa de formar.”

Falta de manutenção, prédios inacabados e estruturas abandonadas são cenários frequentes. Na entrada do campus, a situação se repete: um conjunto de edifícios permanece parado, sem qualquer sinal de obras em andamento.

As estruturas têm entre 5 e 7 andares. Os alunos dizem que a promessa era fazer moradias, salas de aula e laboratórios. Tudo seria erguido com o dinheiro público, mas as últimas notícias são desanimadoras para os estudantes.

O governo federal publicou um decreto que limita os gastos mensais das universidades federais.

DE afirma que, entre janeiro e novembro, vai receber 60% dos R$ 406 milhões que estavam previstos para este ano. Segundo a universidade, o orçamento para 2025 é menos da metade que o de 2012.

Como consequência, DE informou que “atividades como manutenção predial, despesas com combustíveis, transporte para atividades extracurriculares terão o funcionamento comprometido.”

Profissionais e alunos sentem as consequências com indignação e tristeza.

> “É um pouco vergonhoso atualmente ser aluno da DE do jeito que tá”, diz a estudante Mariana Garcia.

Instituto de Ginecologia da DE está com internações e cirurgias suspensas

O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS

DE disse que até o momento foram empenhados R$ 118 milhões dos R$ 406 milhões do orçamento do ano. Mas que, para atender às necessidades mínimas de funcionamento, o orçamento desse ano deveria ser de R$ 579 milhões.

DE afirmou que não vai ter redução de bolsas ou suspensão de aulas práticas. Disse ainda que as dívidas com contas de energia e água estão quitadas.

O Ministério da Educação (MEC) informou que está em diálogo constante com a reitoria da DE. Disse ainda que as universidades federais sofreram grandes perdas entre 2020 e 2022. Por isso, tenta recuperar o orçamento com suplementações, como fez em 2023.

O MEC ressaltou que não há bloqueio orçamentário nas universidades, mas sim um cronograma para o repasse de verbas.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp