Sanções por guerra, crise no Lyon e jogador “no escuro”: os bastidores da desistência do Botafogo por Wendel
Clube alega “questões geopolíticas”, mas fez negócios com o Zenit em janeiro e sanções entre Estados Unidos e Rússia existem desde 2022; jogador não sabia de nada
Botafogo rompe acordo com Zenit pela contratação de Wendel
Enquanto a torcida sonha com Cristiano Ronaldo, a realidade bate à porta: o Botafogo não honrou um acordo firmado no começo do ano. A contratação de Wendel, anunciada pelo clube em 26 de janeiro, foi cancelada na manhã desta quarta-feira.
O Alvinegro alegou “questões geopolíticas” como justificativa para a quebra do contrato com o Zenit, da Rússia. Porém, os clubes fizeram dois negócios no início da temporada: a venda de Luiz Henrique para o time russo e a compra de Artur pelo Alvinegro.
O ge apurou que o Botafogo alegou não ter conhecimento de que o Zenit estava na lista de empresas russas sancionadas pelo governo dos Estados Unidos por causa da guerra da Rússia com a Ucrânia, conflito que acontece desde 2022. O Vasco, por exemplo, teve uma transferência cancelada pelo mesmo motivo. O clube russo é controlado pela Gazprom, uma empresa estatal.
Os valores das operações entre Botafogo e Zenit foram significativos: Luiz Henrique foi comprado pelo Zenit por 33 milhões de euros, Artur foi comprado pelo Botafogo por 10 milhões de euros, e Wendel seria comprado pelo Botafogo por 20 milhões de euros.
A empresa de John Textor, dono da SAF alvinegra, passa por complicada situação financeira, principalmente pelo Lyon, time do empresário na França. O Eagle Football Club, uma das empresas da Eagle Football, grupo de Textor, registrou prejuízo líquido de 117 milhões de euros em relatório divulgado dos primeiros resultados da temporada 2024/25.
O Botafogo alegou dificuldades burocráticas para efetuar os pagamentos para o Zenit. Diante desse contexto, abriu-se um precedente para cancelar a transferência. Indiretamente, as finanças da Eagle terão um alívio, afinal, deixará de gastar 20 milhões de euros.
Enquanto os bastidores estavam agitados, Wendel se preparava para a apresentação ao novo clube. O volante, inclusive, soube primeiramente da situação em conversa informal com amigos próximos na semana passada. O jogador ainda não recebeu as luvas – cifras que são acordadas como um “prêmio” no momento de assinatura do contrato, que fora fechado com o Botafogo.
No geral, a desistência do Botafogo por Wendel mostrou a complexidade do mercado de transferências e as ramificações geopolíticas que podem afetar o mundo do futebol. A falta de transparência nas negociações e a problemática financeira dos envolvidos foram determinantes para a quebra do acordo. Agora, tanto o clube quanto o jogador terão que lidar com as consequências desse episódio.