Viúva de motorista de app morto em assalto pede por justiça e conta sobre a perda do marido maravilhoso em SP – 7 presos

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Mataram um pai maravilhoso porque quiseram, diz esposa de motorista de app morto em assalto

Raphael Diniz foi assassinado a tiros após corrida no interior de SP. Corpo foi encontrado em Rio Claro, e 7 foram presos. Amigos se mobilizam para ajudar dona de casa e 3 filhas.

Motorista de aplicativo Raphael Phillipe Alves Diniz foi morto em assalto após corrida em Pirassununga (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Reconstruir a vida com as três filhas de 3, 4 e 10 anos. Esse é o desafio da esposa de Raphael Phillipe Alves Diniz, motorista de aplicativo morto em assalto após uma corrida iniciada na noite do dia 13 de maio, em Pirassununga (SP). O corpo dele foi encontrado em Rio Claro na manhã do dia 14, e sete pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no assassinato.

Ainda com medo, já que há envolvidos foragidos, a dona de casa preferiu não se identificar ao falar pela primeira vez sobre o assassinato cruel do marido. Agora sem o suporte dele, ela disse ao DE que ainda está assimilando a perda trágica para superar o trauma e voltar à rotina com as crianças.

“Ele não reagiu. Mataram um pai maravilhoso, um marido maravilhoso, porque quiseram. Quando ele tava aqui em casa, ele fazia questão de pôr as meninas para dormir. Às vezes ele acabava dormindo junto com elas. Durante o dia a gente vive, mas quando chega a noite, que [ele] não volta para casa, aí dá o choque de realidade”, afirmou.

Ela ainda resolve questões burocráticas do falecimento e pretende se mudar para Pernambuco, sua terra natal, com as crianças. Enquanto isso, amigos estão se mobilizando para ajudar a família a pagar as contas e já organizaram uma vaquinha online.

POLÍCIA prende 7 pessoas pelo assassinato de motorista de aplicativo em Rio Claro

CONVERSA COM O MARIDO DURANTE ASSALTO

A noite do dia 13 ainda não saiu da cabeça da dona de casa, que chegou a falar com o marido quando ele era feito refém pelos criminosos e levado para Rio Claro.

Ela calculou o tempo que ele levaria para chegar em Ribeirão e, após duas horas, tentou falar com o marido novamente, mas ele desligou. “Depois eu liguei 23h e pouco. Aí ele: “Amor, ainda tô com o pessoal aqui”, lembrou.

Ela estranhou o tempo da corrida e chegou a questionar o marido. “Você não tá voltando ainda?” Ele: “Não, amor, ainda não cheguei”. Eu falei: “Mas Ribeirão tá uma hora só daqui, já passou duas”. Aí ele falou: “Sim, amor, demora eu até entrar dentro de Ribeirão e entregar as pessoas”.

TELEFONE DESLIGADO E PREOCUPAÇÃO

Acreditando que o marido estava voltando, ela decidiu ir dormir e acordou por volta de 4h30. “Aí olhei do lado, ele não tava, porque geralmente eu não via quando ele chegava mesmo. Tomei um susto que ele não estava e o carro não estava. Aí eu já mandei mensagem para ele “cadê você?” Aí não conectava mais, ligava e o telefone desligado”.

Ela imaginou que ele tivesse sofrido um acidente na volta, ligou para a PM, mas não havia registro. “Aí já comecei ficar desesperada, liguei para mãe dele e disse que estava preocupada”. Ela deixou as meninas com a sogra e foi trabalhar. Logo depois, um policial procurou a família para dar a notícia da localização do corpo.

A dona de casa ainda teve dificuldade para acreditar na morte até ir reconhecer o corpo no Instituto Médico Legal (IML).

MOTIVO DO ASSASSINATO E JUSTIÇA

Ela ainda não entende o motivo de terem matado o marido e espera por justiça. “Teria sentido tentar prender ele e falar para ligar para alguém, para pedir dinheiro. E se fosse só o carro, por que não levaram o carro na hora? Eu queria muito que fosse feita justiça, justiça daqui ou justiça de Deus. As leis aqui são muito brandas. Mas eu acredito plenamente na justiça de Deus, que uma hora tudo vai ser resolvido e que vão pagar”, disse.

A família tinha voltado recentemente dos Estados Unidos. A dona de casa conheceu Raphael há 10 anos, ainda nos EUA, e eles estavam vivendo juntos há 5 anos. Raphael tinha comprado o carro que usava para trabalhar há apenas 3 meses e tinha pagado duas parcelas.

“Quando a gente voltou para o Brasil eu conversava com ele: “Olha, amor, estamos no Brasil, se vier te assaltar, deixa levar tudo, entrega qualquer coisa, porque o importante é a vida. Não reage para nada. Ele falou: “Não amor, não sou louco, eu te amo, eu amo nossas crianças, jamais eu iria fazer uma loucura dessa”.

As crianças sentem a ausência do pai e explicar o motivo é um momento difícil para ela. “A mais velha, que tem 10 anos, entendeu, sofreu bastante, agora ela tá mais calma. As duas pequenininhas já perguntaram, aí eu falo que o papai foi morar no céu, mas aí ela diz: “Não, o papai chega já já, o papai já já tá em casa”, lembrou.

RELEMBRE O CASO

Uma mulher pediu uma corrida por aplicativo para Raphael por volta de 21h. O destino era uma rua no Centro de Pirassununga, mas o percurso não foi feito. A polícia não informou como foi feita a abordagem dos suspeitos e quantos entraram no carro.

O motorista foi levado para Rio Claro e foram feitas transferências por PIX, cerca de R$ 430, por volta das 23h. Segundo o executor do crime, Raphael foi retirado do veículo e levado até um canavial. Ele foi colocado no chão e ele fez dois disparos na nuca dele.

No momento da execução, pelo menos 6 pessoas estavam no canavial, além do motorista.

Segundo a Polícia Civil, os suspeitos confirmaram que queriam cometer um assalto por conta de uma dívida de bar de R$ 6 mil.

Os suspeitos disseram que planejavam fazer um roubo a uma casa em Araras, que teria dinheiro e joias. Eles usariam o motorista de aplicativo para ir até o local. Os homens relataram que havia um movimento atípico na residência e desistiram do roubo.

Após algumas horas com Raphael, eles decidiram executá-lo e levar o celular e o veículo, que seria vendido. O grupo tentou vender o carro em Pirassununga, Porto Ferreira e Poços de Caldas (MG).

Os envolvidos no crime são:

– Dois homens de Pirassununga – o autor da execução William Wesley Moraes da Silva, de 32 anos, que confessou o crime e disse onde escondeu a arma, uma garrucha calibre 38 que foi apreendida. Ele já tinha passagens por roubo, furto e outros crimes. O dono do bar, que teria participado da negociação para a venda do veículo. Ambos presos.
– Um homem de Rio Claro – conhecia a região onde a vítima foi executada. Preso em Poços.
– Dois homens de Porto Ferreira – teriam contato de um homem de Poços de Caldas para a venda do veículo. Ambos presos em Poços.
– Um homem de Poços de Caldas – seria o comprador do veículo. Preso em Poços.
– Uma mulher de Pirassununga – foi a solicitante da corrida por aplicativo. Presa em Poços.
– Quatro menores, sendo que três foram identificados – todos teriam participado do assalto. Nenhum apreendido.

Na manhã de quarta (14), um morador chamou a polícia após encontrar o corpo de Raphael. Os investigadores fizeram contato com os parentes da vítima e conseguiram informações sobre a última viagem feita por ele.

Através do GPS do carro dele, um FastBack, os policiais identificaram a localização em Poços de Caldas. A PM de Minas fez uma operação e encontrou o veículo em uma residência, detendo cinco suspeitos no local.

Com as prisões em Poços de Caldas, alguns dos presos indicaram que os outros envolvidos estavam em Pirassununga. A PM fez uma nova operação e prendeu mais dois suspeitos, o executor e o dono do bar. A arma do crime também foi localizada.

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