A União Europeia está aguardando esclarecimentos dos Estados Unidos referentes à ameaça de imposição de uma tarifa de 50% feita por Trump. O bloco já está enfrentando tarifas de importação de 25% dos EUA sobre aço, alumínio e carros, juntamente com as chamadas tarifas “recíprocas” de 10% para quase todos os outros produtos. A Comissão Europeia solicitou esses esclarecimentos após a declaração do presidente norte-americano na sexta-feira (23) sobre as tarifas planejadas para entrar em vigor a partir de 1º de junho, sendo vista por algumas autoridades europeias como uma estratégia de negociação.
Após a recomendação de Trump, os principais índices de ações registraram queda, o dólar apresentou desvalorização em relação às principais moedas e o euro reduziu os ganhos. A Comissão Europeia, responsável por supervisionar a política comercial dos países membros da UE, preferiu não comentar o assunto até uma ligação entre o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, que estava agendada para o mesmo dia.
Holger Schmieding, economista-chefe da Berenberg, mencionou que “a UE teria que reagir” caso a ameaça de tarifas se concretizasse, prejudicando tanto a economia americana quanto a europeia. A ameaça tarifária surge em meio a um impasse nas negociações, com Washington exigindo concessões de Bruxelas para abrir caminho aos negócios dos EUA, enquanto a UE busca um acordo mutuamente benéfico. Alguns especialistas veem a ameaça como uma manobra de negociação, anunciada estrategicamente antes da ligação entre Sefcovic e Greer.
Os líderes europeus enfatizam a manutenção da linha escolhida, sendo que a UE já está enfrentando tarifas de importação dos EUA e está preparada para possíveis contramedidas. As negociações entre a UE e os EUA continuarão, com várias questões a serem discutidas, incluindo o déficit comercial de bens dos EUA. A Comissão Europeia reiterou sua preferência por uma solução negociada, porém está pronta para adotar contramedidas caso as negociações não evoluam conforme o esperado.
A lista de exigências enviada por Washington a Bruxelas visa reduzir o déficit comercial de bens dos EUA, incluindo questões como barreiras não tarifárias. A UE propôs um acordo mutuamente benéfico, que envolveria ambos os lados adotando tarifas zero sobre produtos industriais. A ligação entre Sefcovic e Greer foi planejada para dar seguimento a essas discussões, antes de uma possível reunião em Paris no início de junho. Robert Sockin, economista global sênior do Citigroup, acredita que Trump esteja tentando levar a UE às negociações por meio das ameaças de tarifas.