O turismo de favela tem ganhado força no Rio de Janeiro, e a iniciativa da Casa Voz Vidigal, promovida pela ONG Voz das Comunidades, conectou cerca de 30 guias de turismo de diversas favelas da cidade à Embratur. O encontro contou com a presença de Marcelo Freixo, presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, e teve como objetivo discutir os caminhos do turismo de base comunitária nas periferias cariocas. Profissionais de locais como Santa Marta, Babilônia e Penha expressaram suas dificuldades e solicitaram mais visibilidade para o setor nas políticas públicas nacionais.
O crescimento do turismo nas favelas é evidenciado pelos dados do TripAdvisor, que destacam os morros do Vidigal e da Rocinha como destinos populares na cidade, ao lado de atrações tradicionais como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Essa tendência reflete o interesse crescente de estrangeiros por experiências culturais autênticas nas comunidades. Durante o encontro na Casa Voz Vidigal, os guias compartilharam os desafios enfrentados no dia a dia, como a falta de infraestrutura e a burocracia para formalizar seus serviços, além da escassa visibilidade do turismo de favela.
Rene Silva, fundador e CEO do Voz das Comunidades, destacou a importância econômica e cultural do turismo de favela, enfatizando que os guias locais impulsionam o comércio, valorizam os artistas e demonstram a potência das comunidades. Marcelo Freixo expressou a necessidade de estratégias que apoiem, valorizem e promovam a visibilidade do turismo de favela, reconhecendo sua essencial contribuição para a experiência carioca. Thiago Firmino, guia do Morro Santa Marta, ressaltou a resistência do setor formal em reconhecer o potencial das favelas como parte integrante do circuito turístico da cidade.
Edson Wander, guia do Morro da Babilônia, enfatizou o papel transformador das visitas guiadas nas comunidades, destacando a riqueza cultural, social e gastronômica presentes nas favelas. Ele ressaltou a importância de desmitificar a percepção negativa em relação às favelas, e o impacto positivo que as visitas causam nos turistas. A integração do turismo de favela à rede hoteleira e o apoio da Embratur foram apontados como cruciais para garantir maior visibilidade e oportunidades para os guias comunitários. A iniciativa da Casa Voz Vidigal marca uma importante aproximação entre os profissionais do turismo de favela e o governo federal, visando o desenvolvimento e reconhecimento deste setor promissor.