Adoção em Campinas: 829 pretendentes em década, cadastros caem pós-pandemia

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Fila de adoção em Campinas tem 829 novos pretendentes em uma década, mas cadastros caem após pandemia

Número bateu recorde em 2019, mas enfrentou oscilações desde a Covid-19. Especialista cita impactos deixados pelo coronavírus, insegurança econômica e desinteresse da população em ter filhos.

À esquerda, Karin Elisabeth e Allan Cláudio com a filha Vitória Sofia. À direita Thalita Matos e seu marido, que ainda vivem à espera — Foto: Arquivo Pessoal

Ao longo de 10 anos, 829 famílias entraram para a fila da adoção em Campinas (SP). Os dados foram enviados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a pedido do DE e mostram uma queda no número a partir de 2020, após a pandemia da Covid-19.

No SNA em 2024, por exemplo, foi terceiro menor desde 2014. Já o ano com o maior índice foi 2019, justamente no período pré-pandêmico.

Além dos impactos provocados pelo coronavírus, especialista ouvida pela reportagem também aponta a insegurança econômica e a queda no interesse da população em ter filhos como agravantes para a diminuição no número de interessados.

Apesar disso, o balanço revela que do total de novos inscritos ao longo desse período, considerando os cadastros em 2025, 251 ainda esperam encontrar uma criança ou adolescente para acolher de forma definitiva como filho.

São pessoas como a Thalita Matos e o marido, que vive à espera do primeiro filho desde 2020. Além da ansiedade, o casal ainda precisa encarar os preconceitos de quem não reconhece a adoção como uma forma legítima de aumentar a família.

No Dia Nacional da Adoção, celebrado neste domingo (25), o DE mostra os números da fila da adoção na metrópole, mostra os relatos de quem já a enfrentou e traz detalhes de como funciona o processo. Confira todos os detalhes.

EXPECTATIVA DA TÃO SONHADA LIGAÇÃO

Apesar da queda no interesse em ter filhos, ainda há muita gente que vive esse sonho. Thalita Matos e o marido convivem com a expectativa à espera do primeiro filho, por meio da adoção, há cinco anos. Eles deram entrada na documentação e fizeram o curso em 2020.

Karin Elisabeth Földes de Araújo, de 48 anos, professora de português e inglês, e seu marido Allan Cláudio de Araújo, também viveram essa expectativa. Foram 11 anos de espera desde que entraram no processo de adoção.

Para a família, o processo aconteceu de forma tranquila. Apesar de terem começado o curso e as entrevistas, eles sabiam que poderia demorar. “Deu 2019, aí entrou na pandemia. A gente sabia que ia demorar mais por causa da pandemia”.

De acordo com Mônica Gonzaga Arnoni, juíza assessora da Corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo (SP), houve uma queda no número de adoções de forma absoluta em todo país, não apenas na metrópole.

Como entrar na fila de adoção?

Primeiros passos e documentação

Embora o processo de espera seja chamado de “fila”, Mônica explica que se trata de um cadastro, que pode ser feito por qualquer pessoa que tenha 18 anos ou mais. Para se inscrever, não importa estado civil, sexo ou classe socioeconômica.

O curso preparatório é organizado pelo Juízo da Infância e da Juventude e por suas Seções Técnicas de Serviço Social e Psicologia. “O pretendente preenche uma planilha, eu falo que é uma planilha bastante cruel. Ele tem que colocar ali especificidade sobre o filho que ele quer ter, né? Sobre a criança que ele pretende adotar”.

Após a entrega da documentação, o pedido será registrado e o pretendente receberá uma numeração. Nessa etapa é necessário aguardar que o cartório ou o setor técnico entre em contato para enviar o número do processo de habilitação.

Entrevista na Vara da Infância

Posteriormente, haverá um agendamento da data para que a pessoa compareça à vara para a primeira entrevista. Nela serão realizadas as avaliações técnicas de estudo social e psicológico, além das orientações sobre o curso preparatório que é obrigatório.

Com a finalização do passo a passo, o setor técnico responsável apresenta um relatório para o Ministério Público e, em seguida, os pais podem providenciar a nova documentação e registrar o filho.

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