O recuo no IOF expõe a divisão entre as alas política e econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A própria declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o assunto foi discutido na mesa do presidente e que cabe a ele convocar ministros, foi uma resposta aos ataques internos que vinha sofrendo. A ala política acredita que Haddad optou por não detalhar as medidas para evitar vazamentos.

Os interlocutores políticos do presidente Lula afirmam que o aumento do IOF foi abordado de forma superficial, o que dificultou a avaliação do impacto político da decisão. Haddad explicou que a decisão de recuar em alguns pontos foi técnica, porém, membros do Planalto acreditam que o desgaste político é significativo, especialmente devido aos itens que permaneceram no decreto original.

A oposição já se mobilizou na Câmara e no Senado para derrubar o decreto do governo, o que, mesmo que não tenha sucesso, contribuirá para desgastar a imagem do presidente Lula. Crises anteriores, como a questão do PIX no início do ano e as fraudes do INSS, já haviam impactado a popularidade do governo, algo que esse novo episódio do IOF pode aprofundar.

Aliados do presidente estão preocupados com a sequência de crises que o governo tem enfrentado, enfraquecendo os esforços para recuperar a imagem perante a opinião pública. O desgaste da popularidade de Lula preocupa, especialmente em um momento em que era necessário fortalecer o governo.

Fernando Haddad demonstra desconforto com a pressão política que vem recebendo, chegando a mencionar que as pessoas já estão pensando nas eleições de 2030, esquecendo que é preciso focar em 2026 primeiro. Internamente, há uma disputa em curso, independente das discussões técnicas sobre o IOF, o que agrava ainda mais o desgaste político.

Na percepção reservada do ministro Haddad, há uma ala que já está de olho em 2030, alimentando uma divisão interna no governo. O desgaste político é evidente mais uma vez, colocando o governo na defensiva perante as adversidades.