Justificava hematomas e a gente caia na história’, diz pai de crianças autistas
torturadas por dona de creche em Sertãozinho
Jeniffer Souza Batista foi presa na quarta-feira (4), em Pontal (SP). A suspeita é
de que outras sete crianças também tenham sido torturadas.
Mulher acusada de torturar crianças em creche é presa em Sertãozinho, SP
Pai dos irmãos autistas agredidos pela dona de uma creche em Sertãozinho (SP),
o analista de TI Aldo Cândido da Silva Júnior revelou indignação ao descobrir o
caso.
> “Era uma pessoa que a gente confiava muito, foi um
> baque muito grande, um misto de indignação e raiva. Foi uma faca nas costas quando
> a gente ficou sabendo”.
Jeniffer Souza Batista, foi presa na quarta-feira (4) em Pontal (SP)
e deve passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (5).
Segundo Aldo, os filhos, de 4 e 2 anos, estudavam no local há um ano e meio. Ele
conta que chegou a perceber alguns hematomas nos dois, mas afirma que todos eles
eram justificados por Jeniffer.
> “Houve algumas situações pontuais, mas que foram justificadas teoricamente.
> Teve um dia que a mais velha apareceu com uma marquinha de queimadura, ela
> [Jeniffer] falou que ela tinha encostado em uma janela quente. Outro dia, meu
> filho mais novo voltou com o rostinho roxo, ela falou que ele caiu. Era tudo
> justificado, sempre tinha alguma justificativa e a gente caia na história”.
À EPTV, afiliada da TV Globo, Aldo disse que tomou conhecimento da situação, que
aconteceu por diversas vezes ao longo de 2024, por uma das funcionárias, uma
adolescente contratada para cuidar das crianças e limpar a creche.
A jovem filmou uma das agressões para mostrar às famílias. A suspeita é de que,
pelo menos, nove crianças tenham sido torturadas no período.
Além dos filhos de Aldo, a suspeita é de que a dona da creche também agrediu
pelo menos outras sete crianças.
Procurada pela EPTV, a defesa dela disse que vai entrar com um habeas corpus
para tirá-la da prisão.
Ao DE, a Secretaria de Segurança Pública informou que o caso foi investigado pela Delegacia de
Sertãozinho e relatado ao Poder Judiciário.
CRECHE NÃO TINHA AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAR
Segundo a denúncia do Ministério Público, a creche era particular e funcionava
clandestinamente em uma casa no bairro Jardim Liberdade, em Sertãozinho.
De acordo com a promotora Marília Bononi Francisco, as investigações apontaram
que Jeniffer não tinha autorização da Vigilância Sanitária e também não tinha
alvará do Corpo de Bombeiros.
“Ela instalou essa creche clandestina sem autorização da Vigilância Sanitária,
sem autorização da Secretaria de Saúde, sem qualquer alvará do Corpo de
Bombeiros, e passou a receber essas crianças, de meses de idade até 4 anos de
idade, e passou a cuidar delas de forma clandestina”.
Ainda de acordo com a promotora, a mulher também contratou duas adolescentes, de
13 e 15 anos, ilegalmente para que elas cuidassem das crianças e limpassem o
local.
“Ela deu trabalho excessivo pra essas adolescentes. Há relatos que chegaram a
cuidar de 14 crianças e, além disso, as adolescentes tinham de cuidar da higiene
do local, do banheiro e da cozinha, que estavam em péssimas condições”.
Segundo o Ministério Público, Jennifer é investigada por nove crimes de tortura
contra nove crianças, além do crime de discriminação contra os irmãos com
autismo, e de constrangimento, por conta das adolescentes contratadas
ilegalmente.