Após a publicação de um vídeo no qual a prefeitura de Umirim (CE) aparece recolhendo cães de rua, a cidade foi denunciada por maus-tratos a animais. A ONG Anjos da Proteção Animal (APA) foi responsável por denunciar na última quarta-feira (4) supostos maus-tratos provocados por um programa de recolhimento de animais das ruas realizado pela prefeitura. A cerca de 90 quilômetros de Fortaleza, a polêmica teve início após a divulgação do vídeo na página oficial da prefeitura, no qual os agentes de endemia alertaram sobre os perigos que os animais soltos nas ruas poderiam causar à população.
Stefani Rodrigues, protetora à frente da APA, criticou veementemente a postura dos agentes no vídeo, alegando que estes insinuaram que os animais representavam um perigo iminente, podendo transmitir doenças. Além disso, ela questionou o uso de veículos conhecidos como ‘carrocinhas’ para recolher os cachorros, bem como as condições de mantenimento e tratamento dos animais no local para onde foram enviados. Imagens de cachorros famintos e em estado de abandono também foram divulgadas pela ONG, alegando que estavam em um colégio municipal abandonado em uma localidade rural do município.
De acordo com as declarações de Stefani, os relatos recebidos indicavam que os animais chegavam a ser sacrificados no colégio abandonado. No entanto, não há informações concretas sobre a data em que as imagens foram gravadas ou se, de fato, houve o sacrifício dos animais. A gestão atual de Judson Rodrigues iniciou-se em 2025, sendo que, na administração anterior, Judson ocupava o cargo de vice-prefeito da cidade. A Prefeitura de Umirim alegou que o programa de recolhimento dos cachorros começou na última segunda-feira (2), sem relação com os vídeos divulgados pela APA sobre animais famintos, que seriam antigos.
Os animais recolhidos foram levados para uma sala improvisada no campus do Centro Universitário Inta (Uninta) em Umirim, que abriga um curso de medicina veterinária. O prefeito Judson Rodrigues informou em vídeo publicado nas redes sociais que cuidados estão sendo tomados tanto com os animais quanto com a população local e que serão realizados trabalhos de castração e doação dos cães. Caso não seja possível a doação, os cachorros serão castrados e soltos para evitar a proliferação. A Prefeitura garantiu que os animais estão sob supervisão técnica, recebendo alimentação adequada e mantidos em estrutura apropriada.
Após a denúncia da APA, o Ministério Público do Ceará (MPCE) foi acionado para analisar as ações da Prefeitura de Umirim. A Uninta foi procurada para esclarecer detalhes sobre a parceria com a prefeitura e a Secretaria de Proteção Animal do Governo do Ceará também foi contatada para se manifestar sobre o caso, uma vez que o veículo identificado como ‘carrocinha’ possui o logotipo da administração estadual. Além disso, a protetora Stefani Rodrigues relatou que a escola abandonada na localidade de Lagoa das Pedras era utilizada como um canil irregular, onde os animais eram mal tratados e, muitas vezes, morriam.