Pesquisa da USP desenvolve inteligência artificial para diagnóstico do câncer de mama
Uma pesquisa inovadora realizada pela Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, desenvolveu um modelo de inteligência artificial com o objetivo de tornar o diagnóstico do câncer de mama mais preciso e menos invasivo. Essa ferramenta, abastecida com exames de imagens e dados clínicos, tem o potencial de reduzir o número de biópsias desnecessárias, tornando-se uma alternativa viável para locais onde não há especialistas na área de mastologia.
Os pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto foram os responsáveis por essa importante iniciativa. A ferramenta desenvolvida analisa dados clínicos e imagens de ultrassom para predizer se uma lesão mamária é benigna ou maligna, contribuindo significativamente para a tomada de decisão médica e evitando procedimentos invasivos desnecessários.
Segundo o mastologista e professor da Faculdade de Medicina, Daniel Guimarães Tiezzi, a utilização da inteligência artificial nesse contexto é fundamental para diminuir os custos do rastreamento e otimizar o sistema de saúde, evitando que um grande número de pacientes seja submetido a biópsias sem necessidade.
A ferramenta desenvolvida não só beneficia os profissionais de saúde, mas também os pacientes, que muitas vezes enfrentam longas esperas para a realização de biópsias. Com a IA, lesões com maior probabilidade de serem malignas podem ter prioridade nos procedimentos, agilizando o diagnóstico e o tratamento desses casos.
A mastologista Isabela Carlotti, uma das pesquisadoras do projeto, destaca que essa ferramenta inovadora pode ser uma alternativa valiosa para regiões onde não há especialistas em câncer de mama. A capacidade de combinar informações de imagem com conhecimento especializado permite levar assistência de qualidade a locais remotos, ampliando o acesso ao diagnóstico precoce.
Para treinar a inteligência artificial, os pesquisadores utilizaram dados de 1,9 mil lesões mamárias, alimentando a ferramenta com uma grande quantidade de informações clínicas e imagens de exames. A IA, do tipo “supervisionada”, aprendeu a reconhecer padrões que muitas vezes escapam ao olho humano, fornecendo previsões precisas sobre a benignidade ou malignidade das lesões.
Os resultados obtidos até o momento são animadores, demonstrando que a ferramenta desenvolvida alcançou uma alta precisão na predição dos casos. O chamado “valor preditivo negativo” mostrou-se acima de 90%, o que significa que o modelo tecnológico acertou em descartar casos de câncer, evitando procedimentos invasivos desnecessários.
Em situações mais desafiadoras, como lesões classificadas como BI-RADS 4A e 4B, a inteligência artificial também se mostrou eficaz em auxiliar os médicos na interpretação dos exames, contribuindo para uma abordagem mais assertiva e individualizada.
Por meio desse impressionante avanço tecnológico, a pesquisa da USP em Ribeirão Preto traz novas perspectivas para o diagnóstico do câncer de mama, promovendo uma prática mais eficaz, assertiva e acessível a um número maior de pacientes. A integração da inteligência artificial na área da saúde representa um grande passo rumo à medicina personalizada e de alta qualidade para todos.