Advogados são suspeitos de mandar matar casal de clientes em SP para ficar com patrimônio milionário, diz delegada
Casal de empresários fez uma holding, que foi registrada em nome dos advogados, para blindar patrimônio de ações judiciais. Eles não tinham descendentes. Crime ocorreu em abril e suspeitos foram presos hoje (17).
O casal de advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso preso em São Carlos suspeitos de envolvimento na morte de casal de Araraquara — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Os advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira, presos sob a suspeita de mandar matar um casal de empresários em abril deste ano, em São Pedro (SP), teriam cometido o crime para se apossar de bens das vítimas. A informação foi divulgada pela delegada Juliana Ricci, responsável pelo caso, durante coletiva realizada nesta terça-feira (17), no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Piracicaba (SP).
“Imaginamos que eles arquitetaram o crime para se apossar de forma definitiva dos bens das vítimas, porque eles [vítimas] não tinham descendentes. Era um casal sem filhos. Os pais também já são falecidos e os bens deles estão no nome dos advogados. Eles morrendo, quem questionaria isso?”, afirma a delegada Juliana Ricci.
Os bens das vítimas, José Eduardo Ometto Pavan (comerciante) e Rosana Ferrari (dona de escola infantil), foram transferidos para os advogados por meio de uma holding — estrutura jurídica utilizada para gerenciar bens e separar o patrimônio pessoal do empresarial. Essa separação ajuda a “blindar” os bens de dívidas ou disputas em nome de pessoas físicas que compõem a sociedade.
Por que as vítimas fizeram uma holding?
Segundo a delegada, o casal de empresários comprou 16 flats em São Carlos (SP), em 2013. No entanto, o empreendimento não teve sucesso e os credores, que compraram imóveis no local, entraram com ações judiciais contra o casal.
Para evitar que o patrimônio pessoal fosse afetado, o casal recorreu aos advogados e constituiu uma holding, que foi registrada em nome dos próprios defensores.
“Esses bens foram transferidos por meio de contratos de dação em pagamento, como se a vítima estivesse pagando honorários para os advogados. Só em imóveis, foi uma média de R$ 12 milhões em honorários. É um valor um pouco acima da média. Aliás, muito acima da média”, informa a delegada Juliana.
Prejuízo de 15 milhões
A delegada ainda informou que os advogados falsificaram documentos para enganar as vítimas e se apropriar de valores por custos processuais inexistentes.
“Houve falsificação, inclusive de decisão judicial e foram mais de R$ 2,8 milhões, mais ou menos. Então, o prejuízo [total] das vítimas foi em torno de R$ 15 milhões”, afirma a delegada.
Veículo onde as vítimas foram encontradas sem vida em chácara na Serra de São Pedro (SP) — Foto: Polícia Militar de Piracicaba/ Reprodução
Prisão
Os advogados foram presos durante a operação “Jogo Duplo”, tocada pelo Deic de Piracicaba (SP), em um condomínio de luxo em São Carlos (SP), na manhã desta terça-feira.
Outros dois homens também foram detidos como executores do crime, um em Praia Grande (SP) e outro em São Carlos.
A polícia informou que ainda investiga outros dois suspeitos de envolvimento na execução do casal.
A operação resultou no cumprimento de quatro mandados de prisão temporária (com duração de 30 dias) e cinco mandados de busca e apreensão. Também foi determinado o sequestro de bens e o bloqueio de contas bancárias dos investigados.
Saiba mais sobre o caso.