Congado e Reinado: Saberes do Rosário são reconhecidos como Patrimônio Cultural
do Brasil
Reconhecimento nacional dos Saberes do Rosário valoriza tradições
afro-brasileiras e encerra processo de 17 anos com participação de comunidades e
pesquisadores.
Diário do Estado
O Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) reconheceu, nesta terça-feira (17), os Saberes do Rosário como
Patrimônio Cultural do Brasil. Entre as manifestações culturais dos Saberes
estão Reinado, Congado e Congadas.
A decisão foi anunciada durante reunião do Conselho Consultivo do órgão,
acompanhada por representantes das festas em Belo Horizonte. O processo de
reconhecimento durou cerca de 20 anos.
Atualmente, há mais de 1 mil grupos ativos no estado, incluindo congadeiros,
moçambiqueiros, catopês, marujos, candombes e diversas guardas.
Segundo o Iphan, o reconhecimento tem caráter reparador e histórico, e
representa um pacto entre os governos e as comunidades detentoras desses saberes
para a preservação da tradição.
O processo de registro foi construído com a participação de comunidades,
pesquisadores, agentes públicos e instituições. Para o instituto, trata-se de
uma das expressões mais profundas da cultura afro-brasileira e da fé popular no
país.
Com o título, os Saberes do Rosário passam a integrar o Livro de Registro das
Celebrações, como bem imaterial do patrimônio cultural brasileiro.
Diário do Estado
O reconhecimento visa reforçar a valorização da cultura afro-brasileira,
especialmente em Minas Gerais, onde a manifestação está presente em mais de 330
municípios.
Segundo o Iphan, foram 17 anos de estudos conduzidos por pesquisadores,
comunidades e instituições para que o Saberes do Rosário fosse incluído como bem
imaterial do patrimônio cultural brasileiro.
No ano passado, os caminhos, expressões e celebrações do Rosário já haviam sido
declarados Patrimônio Imaterial de Minas Gerais. Agora, com o reconhecimento
nacional, foi iniciada uma nova fase voltada à implementação de políticas
públicas para a preservação desses saberes.
Segundo o presidente do Iphan, Leandro Grass, o reconhecimento marca o início de
um compromisso com a valorização e perpetuação da tradição.
> “Partimos agora para uma nova fase, que é a implementação de políticas com
> instrumentos de gestão, educação patrimonial e investimento público, para que
> toda a população reconheça a importância histórica e cultural desses saberes”,
> afirmou.
A antropóloga Fernanda de Oliveira, responsável pelo dossiê que embasou o
registro, destacou que o Rosário é mais do que uma celebração:
> “Ele é um sistema de pensamento e de construção de comunidade no Brasil. Esse
> reconhecimento representa um momento novo na história do país, ao valorizar a
> intelectualidade dos povos pretos”.
A decisão emocionou lideranças como Isabel Casimira, Rainha Conga em Minas
Gerais.
> “É um ensinamento aos professores, aos governantes, para que entendam que
> nossa vida é uma história brasileira escrita com o sangue dos nossos
> antepassados. É a fé que canta, dança, reza, fala, ri e chora. E que trabalha,
> dia após dia, para que nosso povo não seja escondido nem esquecido”, declarou.