Em depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital, o comerciante Zhaohu Qiu, conhecido como “Xau”, suspeito de feminicídio contra Marcelle Júlia Araújo da Silva, confessou ter enforcado a vítima. Ele também confirmou que levou o corpo dela em um carrinho e o envolveu com uma lona azul, como mostram imagens do dia do crime. Qiu foi preso em São Paulo na segunda-feira.
Durante o depoimento, o comerciante não disse se sua casa em obras tinha cachorros ou animais que teriam dilacerado o rosto e outras partes do corpo da jovem, como alegam familiares e amigos de Marcelle. A Polícia investiga se ele continuaria fugindo para outros destinos ou continuaria se escondendo na Região Metropolitana de São Paulo. A possibilidade de fuga serviu como base do pedido de prisão temporária apresentado à Justiça pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado (MPRJ).
A decisão judicial que acatou o pedido de prisão também citou que o suspeito já havia fugido de sua residência no Rio e tinha o risco de deixar o país. A Polícia Civil e o Ministério Público argumentaram que a prisão temporária era “imprescindível para as investigações do inquérito policial”, visando assegurar a obtenção e preservação de provas e a proteção de testemunhas. Os agentes ainda investigam se Xau realmente tentou sair do país após chegar em São Paulo.
O corpo de Marcelle foi encontrado no sábado (14), em uma residência em obras que pertence ao suspeito, na Rua São Fidélis, Pavuna, na Zona Norte do Rio. Marcelle foi vista pela última vez na madrugada de quinta-feira (12), após ir à casa de Xau. O corpo da vítima estava enrolado em uma lona azul e, segundo a perícia, mordido por dois cães da raça pit bull que estavam no local.
Outras testemunhas contaram aos investigadores que Xau tinha o costume de convidar meninas jovens para festas com álcool e drogas com a intenção de obter relações sexuais. Amigos de Marcelle também informaram que Xau era obcecado pela vítima, mas ela não correspondia às suas investidas. Um amigo que morava com Xau na residência principal afirmou ter ouvido barulhos de esganamento na madrugada de 12 de junho e que, desde então, não havia mais visto Xau na região.
As investigações apontam para um crime premeditado, planejado pelo suspeito, indicando a venda de pertences como indício. A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar todas as circunstâncias do crime, configurado como feminicídio. A Justiça decretou a prisão temporária de Zhaohu Qiu por 30 dias. Vale ressaltar que, durante o depoimento, o comerciante não se manifestou sobre os detalhes do crime em questão.