Congado: como se tornou Patrimônio Cultural Imaterial após 17 anos

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Congado se torna Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil após estudo de 17 anos

A solicitação foi feita pelas prefeituras de Uberlândia, Uberaba, Campos Altos, Ibiá, Frutal e Monte Alegre de Minas em 2008.

Solicitação para reconhecimento foi feito em 2008 — Foto: Danilo
Henriques/Secretaria de Comunicação/PMU

Após 17 anos, o Congado se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil na tarde desta terça-feira (17), durante a 109ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada na sede da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Belo Horizonte.

Diante da importância cultural e religiosa do Congado, a Prefeitura de Uberlândia liderou um grupo com as prefeituras de Uberaba, Campos Altos, Ibiá, Frutal e Monte Alegre de Minas, que oficializou, em novembro de 2008, junto ao Iphan, a solicitação para que a celebração cultural se tornasse patrimônio cultural do Brasil.

Durante o período foram feitos levantamentos, análise de documentações complementares, visitas técnicas e produção de material técnico e audiovisual, sobretudo em 2019.

Agora, a definição passa pela homologação da decisão pelo Ministério da Cultura, publicação no Diário Oficial da União (DOU) e, em seguida, a inscrição no Livro de Registro dos Saberes.

“Há muitos anos os meus ancestrais lutam por esse registro, e só conseguimos agora porque muitos, antes de nós, trabalharam para construir essa caminhada. Ficamos muito felizes porque com esse registro nos tornamos mais protegidos para que nossos netos e bisnetos não deixem o nosso legado acabar. Ontem foi um momento de emoção e de lembrança daqueles que morreram para que esse registro estivesse em nossas mãos”, afirmou Iara Aparecida Ferreira, madrinha e cofundadora do Terno Estrela Guia.

COMO TUDO COMEÇOU

A Congada é considerada uma expressão cultural e religiosa de grande importância e, geralmente, ocorre nos meses de maio, outubro e dezembro, mas pode ser realizada em outras datas. Durante sua realização, os participantes louvam divindades e santos de origem africana ou católica. Os festejos são resultados da disseminação da população africana pelo mundo ao longo dos séculos e seus rituais carregam expressões específicas e pluralidade de cores, cantos, instrumentos e elementos culturais utilizados para preservar a história.

Após a solicitação, o Iphan iniciou o processo de análise, incluindo complementação da documentação anexada ao pedido, levantamentos e mapeamentos e visitas técnicas, entre outros procedimentos.

Em 2019 foram contratados serviços especializados para elaborar documentação textual e audiovisual, com o objetivo de concluir a instrução técnica do processo de registro do Congado.

A medida considerou a diversidade e a grande abrangência territorial da festa. Foram realizadas diversas ações, como seminários presenciais e virtuais, além de registros audiovisuais.

“A gente sabe que o registro não vai acabar com o preconceito, mas nos alivia que foi deixado para nós um instrumento de proteção e agora nós conseguimos dar andamento àquilo que foi deixado pelos nossos ancestrais”, ressaltou Iara.

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