A Polícia Federal encontrou um arquivo em PowerPoint no celular do auxiliar de Braga Netto com um plano de pressão no 7 de Setembro. Os documentos apreendidos revelam que o governo Bolsonaro via essa data como um momento crucial e planejava cenários de pressão sobre outros Poderes. A análise dos dados mostra que o período anterior e posterior ao feriado são marcados por mecanismos de pressão e ações articuladas para influenciar o cenário político naquele momento.

Mensagens interceptadas nos celulares do ex-ministro da Defesa Braga Netto e de seu auxiliar, o coronel Flávio Peregrino, revelam os “mecanismos de pressão” planejados pelo governo Bolsonaro às vésperas do 7 de setembro de 2021. Isso inclui ameaças públicas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e até a invasão da Praça dos Três Poderes por caminhoneiros que romperam bloqueios da Polícia Militar.

As mensagens compartilhadas incluem apresentações em PowerPoint sobre a atuação do Ministério da Defesa nas comemorações do 7 de setembro. Um dos documentos trata da “guerra de narrativas”, destacando a estratégia adotada pelos canais bolsonaristas e pela grande mídia para influenciar a percepção pública sobre o feriado. O segundo PowerPoint projeta o momento como um “ponto de decisão e de inflexão para o governo”, analisando possíveis desdobramentos e cenários futuros.

A possibilidade de convulsão social, confrontos entre PMs e Forças Armadas, distúrbios em diversas cidades e o acionamento das Forças por outros Poderes foram discutidos nos slides encontrados nos celulares de Braga Netto e seu auxiliar. A Polícia Federal destaca que o cenário que envolvia a Garantia da Lei e da Ordem e o acionamento das Forças Armadas por outros poderes chegou a ser considerado.

O 7 de setembro de 2021 marcou uma escalada na crise entre Bolsonaro e o STF, com ameaças e desafios públicos feitos pelo ex-presidente. A ocupação da Esplanada por caminhoneiros e a invasão da Praça dos Três Poderes por manifestantes refletem a tensão e a polarização política daquele momento. Após uma postura conciliatória adotada por Bolsonaro, aliados como Braga Netto e Mauro Cid manifestaram frustração com a trégua.

A PF destaca que Braga Netto foi uma figura central para desacreditar as urnas em um momento anterior aos eventos de setembro de 2021. A análise das mensagens interceptadas revela os bastidores dos planos e ações do governo naquele período conturbado. A foto enviada por Braga Netto a Cid, fazendo uma referência histórica ao golpe de 1964, evidencia a sensibilidade política e as estratégias adotadas pelas autoridades naquele contexto.

Em resumo, a investigação da PF revela o cenário de pressão e tensão política que antecedeu e sucedeu o 7 de setembro de 2021, destacando a atuação estratégica do governo Bolsonaro e seus aliados para influenciar o cenário político nacional. A análise dos documentos e mensagens interceptadas lança luz sobre os mecanismos utilizados para pressionar e moldar a narrativa em um momento de crise e incertezas.