Junho Verde: o desafio do consumo consciente em meio à desigualdade

WhatsApp Image 2025-06-18 at 15.04.55

O apelo por um consumo consciente e hábitos mais sustentáveis vem ganhando força no Brasil e no mundo, principalmente no Junho Verde, mês de conscientização ambiental, cujo objetivo é promover a importância da preservação do meio ambiente e a adoção de práticas sustentáveis. Seja por questões de economia doméstica, saúde ou redução dos impactos no meio ambiente, uma mudança na forma de consumir se torna cada vez mais evidente.

Alimentos orgânicos, roupas de fibras naturais, veículos elétricos, produtos biodegradáveis. Empresas que reciclam, que investem em logística reversa, que desenvolvem tecnologias verdes. Estes são alguns dos exemplos de que há mercado para companhias responsáveis e materiais ecologicamente menos danosos. Afinal, por que continuar consumindo produtos tão poluentes? Por que reforçar marcas que não têm compromisso com a sustentabilidade?

Entretanto, falar em consumo consciente implica ir além de questões ambientais. Enquanto a pobreza atinge diariamente milhões de brasileiros, falar em sustentabilidade soa tão distante quanto inacessível. A própria Organização das Nações Unidas (ONU) entende a gravidade dessa relação e colocou a erradicação da pobreza como o primeiro dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

“Sustentabilidade é essencial para garantir a qualidade de vida, preservando ecossistemas e recursos naturais. Entretanto, como tornar real essa dinâmica da vida?”, questiona a gestora ambiental e professora da Estácio, Sandra Oliveira Santos. Para a docente, não há justiça social, tampouco ambiental, quando se detém capital acumulado à custa do próprio ecossistema, enquanto a pobreza sofre com doenças e violência nos espaços de convívio.

Sandra não é a única a defender esse posicionamento. Durante o I Encontro de Sustentabilidade ESG do Ministério das Comunicações e Vinculadas, em 2023, o diretor do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas, Daniel Balaban, foi taxativo ao afirmar que não existe sustentabilidade enquanto houver essa grande desigualdade. Para ele, só se resolve o problema da desigualdade com a inclusão das pessoas no sistema econômico e produtivo.

Sobreviver primeiro
A escassez de recursos extingue qualquer opção de escolha. O consumo será sempre do produto mais barato e acessível, independente da qualidade, origem ou forma de produção. Neste tipo de situação, saber se o alimento é nutritivo, se carrega agrotóxicos ou se foi produzido com mão de obra infantil se torna secundário – o foco é cessar a fome e seguir sobrevivendo.

Desta forma, erradicar a pobreza é o passo fundamental para que o consumo consciente possa, de fato, fazer efeito no mercado e no meio ambiente. Enquanto isso não ocorrer, as iniciativas, sejam individuais ou de parcelas da sociedade, continuarão em baixa escala e com pouco impacto ambiental.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp