Avó, mãe e neta fogem de Cuba para se refugiar em Foz do Iguaçu; cidade recebeu
475 solicitações de refúgio em 2024
Cubanos representam quase metade das solicitações de reconhecimento como
refugiados na cidade.
Foz do Iguaçu está entre as cidades que recebem mais refugiados
[https://s04.video.glbimg.com/x240/13697311.jpg]
Foz do Iguaçu está entre as cidades que recebem mais refugiados
A cidade de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, tem se consolidado como um dos principais destinos para pessoas que
buscam refúgio no Brasil, fugindo de perseguições, conflitos e crises
humanitárias.
Entre os refugiados está uma família cubana composta por três gerações: avó, mãe
e neta. As três desembarcaram em Foz no início de junho e já deram entrada no
pedido de refúgio ao governo brasileiro.
Se aprovadas, terão direito a acessar serviços básicos, como emissão de
Comprovante de Pessoa Física (CPF), matrícula em escola pública, atendimento
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e obtenção de carteira de trabalho.
Atualmente, a família está abrigada em uma unidade de acolhimento de imigrantes.
> “Eu disse: eu vou! Porque elas são jovens, têm uma profissão. Minha neta está
> crescendo e não quero que cresça assim, com tanta pobreza, necessidade e
> miséria”, afirma a avó, Ofélia Casana Rodriguez.
Família veio de Cuba para buscar refúgio no Brasil. — Foto: RPC Foz do
Iguaçu
A filha dela, Evelyn Fong Casanas, conta que a situação da família em Cuba era
insustentável. “Lá os alimentos e medicamentos estão em falta. Tem pessoas
morrendo por essas razões. Saímos porque pensamos na minha filha, que é
pequena”, diz.
Em 2024, Foz do Iguaçu registrou 475 solicitações de reconhecimento da condição
de refugiado, segundo o Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra).
Cuba lidera o número de pedidos, com 230 registros, seguida por Líbano (99) e
Venezuela (66).
AUMENTO DE IMIGRANTES EM FOZ
Segundo William Laureano, associado de proteção da Agência da Organização das
Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Foz do Iguaçu cumpre um papel estratégico
no acolhimento de pessoas refugiadas.
> “É uma região com bastante oferta de emprego e acaba sendo um ponto de chegada
> e também de passagem para outros destinos”, explica Laureano.
O número de imigrantes na cidade vem crescendo. Em 2024, Foz foi o 11º município
brasileiro com maior volume de solicitações de documentação migratória, com
2.477 registros. Paraguaios (1.245) e venezuelanos (544) lideram os pedidos.
No entanto, os dados também apontam um número significativo de pessoas vindas de
regiões em que o governo brasileiro reconhece haver situação de grave e
generalizada violação de direitos humanos.
Só no ano passado, 5 sírios e 43 haitianos tiveram documentos emitidos na
cidade, segundo dados do Sismigra.
De janeiro a março de 2025, Foz já contabilizou 174 novos pedidos de
reconhecimento da condição de refugiado.
Leia também:
– Luto: ‘Era o sonho de vida dele’, diz professora de brasileiro que morreu
afogado durante intercâmbio no Canadá
– Homem foi preso: Mulher mantida em cárcere fingiu desmaio para pedir socorro
em hospital
– Confira: Paraná recebe previsão de -3ºC e volta da geada; veja quando e onde
CONTEXTO HUMANITÁRIO
O crescimento na chegada de refugiados a Foz do Iguaçu ocorre em um momento em
que o mundo volta as atenções para o tema.
O Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho, reforça a importância de
garantir o direito dessas pessoas à proteção internacional e à inclusão social
nos países de acolhida.
Além de Cuba, países como Líbano, Venezuela, Síria e Rússia estão entre os
principais locais de origem dos solicitantes de refúgio em Foz.
Jesus Alberto León, venezuelano que conseguiu o reconhecimento como refugiado em
2016, hoje cursa Relações Internacionais na Universidade Federal da Integração
Latino-Americana (Unila).
“Eu tomei a decisão devido à situação crítica que a Venezuela estava
enfrentando. Vim para o Brasil com minha família”, conta.
Jesus diz que o acolhimento em Foz foi positivo. “A gente sabe que tem muitas
pessoas que sofrem xenofobia e preconceito, mas eu sempre fui muito bem recebido
no Brasil”, afirma.
VÍDEOS: MAIS ASSISTIDOS DO G1 PARANÁ
Leia mais notícias da região em oeste e sudoeste.