Reunião de emergência no setor de óleo e gás diante de conflitos no Oriente Médio: Brasil pode ser impactado

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Setor de óleo e gás faz reunião de emergência em meio a conflitos no Oriente
Médio

Empresas aguardam reação do Irã para entender o cenário futuro. Brasil pode
sofrer impactos negativos e positivos.

Navio passa pelo estreito de Ormuz – Foto: REUTERS/Hamad I Mohammed/File
Photo

Representantes do setor de energia farão uma reunião de emergência nesta
segunda-feira (23), às 9h, no Rio de Janeiro, para debater o conflito no Oriente
Médio.

O Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP) acompanha os desdobramentos do
conflito com cautela. A entidade tenta entender os impactos para o mercado
brasileiro.

O preço do petróleo já subiu 15% na última semana. Os rumos da cotação dependem
agora da reação do Irã ao ataque dos Estados Unidos, realizado no sábado (21), a
três instalações nucleares iranianas.

Em resposta ao bombardeio no fim de semana, o parlamento iraniano aprovou o
fechamento do Estreito de Omuz, via marítima por onde passa cerca de 30% de todo o petróleo comercializado no
mundo.

Apesar de ser grande exportador, o Brasil importa petróleo do Oriente Médio,
principalmente para a produção querosene de aviação (QAV) e diesel. O conflito
poderia, portanto, mexer com os estoques de combustíveis no país.

“O petróleo do Irã e da Arábia Saudita é mais leve que o nosso, tem menos custo
para refino. Se o conflito seguir, poderá haver um desequilíbrio na produção e
nos estoques. Tem uma refinaria no Rio de Janeiro que só usa petróleo árabe”,
disse um técnico do setor.

Segundo esse técnico, existem opções ao petróleo árabe para a produção de
combustível de aviação na Nigéria e na Guiné Equatorial.

Estatísticas da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostram que o Brasil exporta
30% de sua produção de petróleo. Percentual que pode mudar com um possível
agravamento do conflito. A formação de preços seria afetada em caso de eventual
mudança nesse patamar, o que elevaria a inflação no país.

OUTRAS OPORTUNIDADES

Outro analista projeta que, “se os países árabes não conseguirem escoar sua
produção pelo fechamento de canais e rotas marítimas, China e Índia, grandes
consumidores, terão que buscar em outros lugares. E nós somos uma opção”.

Representantes do setor de energia afirmam que as empresas estrangeiras já olham
para o Brasil como um local seguro para investir em meio aos conflitos no
Oriente Médio e na Europa.

Um argumento é o resultado do leilão promovido pela ANP no último dia 17, em que
os lances de companhias globais por blocos na Bacia da Foz do Amazonas
ultrapassaram as expectativas do governo.

No leilão, a ANP conseguiu repassar 19 dos 47 blocos oferecidos na região, o que
rendeu R$ 844 milhões aos cofres públicos. A decisão das companhias em investir
na Margem Equatorial vem mesmo com as dificuldades e resistências para o
licenciamento ambiental na região.

“O tom hoje mudou. As empresas não querem só garantia de rentabilidade. Elas
querem segurança para os investimentos. O Brasil está longe de qualquer conflito
global. Precisamos aproveitar esse momento”, disse um técnico do setor ao blog.

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