Paranaense relembra acidente de balão em SC: falta de segurança em passeio

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Paranaense relembra acidente de balão na mesma cidade onde 8 pessoas morreram em
Santa Catarina
Ana Carolina desmaiou após pouso de emergência em Praia Grande. Ela relata falta de orientações de segurança durante o passeio em 2022.

Ana Carolina realizou o passeio de balão em Praia Grande, no sul de Santa Catarina — Foto: Arquivo pessoal

A paranaense Ana Carolina Gonçalves, de 35 anos, moradora de Paranavaí, no noroeste do
estado, lembra com detalhes o dia em que sofreu um acidente durante um passeio
de balão em Praia Grande, no sul de Santa Catarina.

A cidade é a mesma onde, no último sábado (21), oito pessoas morreram após um
incêndio e queda de um balão de turismo.

Ao saber da tragédia deste sábado, Ana Carolina diz que reviveu o medo que
sentiu no dia do acidente. Ela também reforça que, na época, não recebeu
orientações claras sobre segurança.

“Nào foi apresentado nada além de um vídeo mostrando como seria o passeio. No
final, ainda fizeram um brinde com espumante e disseram que tínhamos escolhido
a melhor empresa”, afirma.

O acidente de Ana Carolina aconteceu em dezembro de 2022, durante a alta
temporada de balonismo da região. O voo fazia parte de uma programação de fim de
ano e foi organizado por uma empresa diferente da que operava o voo que caiu no
último sábado.

O governo federal esteve em Praia Grande (SC) 15 dias antes do acidente com
balão que incendiou, despencou e deixou oito mortos. Na reunião do dia 6 de junho, o Ministério do
Turismo discutiu a regulamentação nacional da prática de balonismo e defendeu
regras específicas para a operação turística e comercial da atividade.

Segundo Ana, no balão as pessoas ficavam em ‘baias’ que ajudavam a equilibrar o
peso. Segundo ela, o passeio começou de madrugada, para coincidir com o nascer do sol. O local estava lotado e, antes do embarque, os participantes receberam apenas um
vídeo com orientações básicas.

O tamanho do cesto também preocupou a paranaense. “Era um cesto grande, dividido
em baias. Em cada espaço cabiam quatro pessoas. Só o piloto ficava sozinho. A
gente só tinha as laterais do cesto para se segurar”, descreve.

Durante o voo, o grupo enfrentou turbulência ao atravessar uma camada de nuvens.
“Todo mundo gritou, ficou assustado. O piloto desceu um pouco para acalmar a
situação”, lembra.

O voo, que deveria durar cerca de uma hora, se estendeu por quase duas. Segundo
Ana Carolina, o piloto teve dificuldades para encontrar um local seguro para
pousar, enquanto o balão era levado na direção dos cânions da região.

“Foram várias tentativas de pouso. Passamos muito perto de árvores e fios de
contenção”, conta. Ela diz que o piloto mantinha contato por rádio com a equipe
de apoio, que acompanhava o grupo por terra.

Na aproximação final, a orientação foi que todos ficassem em posição fetal, com
a cabeça entre as pernas.

O cesto chegou a bater em um barranco. Ana Carolina desmaiou com o impacto da
queda. “Meu marido, que é fisioterapeuta, me socorreu. Tive uma concussão, ele
cortou o supercílio e outras pessoas também se machucaram”, afirma.

Após o acidente, a equipe de apoio realizou os primeiros socorros ainda no
local. Ana Carolina foi a primeira a ser retirada do balão e encaminhada para um
ônibus da empresa, que levou os passageiros até a loja central.

“No local fizeram curativos, mas como só tinha um postinho de saúde na cidade,
meu marido preferiu que voltássemos para Paranavaí para fazer exames mais
detalhados”, relata.

A empresa ofereceu reembolso pelas despesas médicas e um voucher para um novo
passeio.

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) estabelece regras específicas para a
operação de balões livres tripulados sem certificado de aeronavegabilidade, como
os usados em passeios turísticos.

De acordo com o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 103, o
operador precisa ter cadastro ativo de aerodesportista e o balão deve estar
devidamente registrado, com identificação visível.

Os documentos da aeronave e o seguro obrigatório devem estar a bordo durante o
voo. Os passeios só podem acontecer de dia e em condições meteorológicas
favoráveis, com visibilidade e contato visual constante com o solo. Voos sobre
áreas densamente povoadas ou com aglomeração de pessoas são proibidos.

Além disso, os operadores devem informar claramente aos passageiros que a
atividade envolve alto risco, sendo realizada por conta e risco de cada participante.

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