Queda de balão em SP: piloto e dono da empresa são indiciados por homicídio culposo após acidente que matou turista
A aeronave havia saído de Boituva (SP) para um voo turístico quando sofreu o acidente em Capela do Alto (SP); piloto está preso; dono da empresa não se apresentou à polícia.
Vídeo mostra balão que caiu com mais de 30 pessoas voando bem baixo em Capela do Alto
A Polícia Civil indiciou por homicídio culposo o piloto e o dono da empresa responsável pelo balão que caiu e matou uma turista em Capela do Alto (SP). A aeronave havia saído de Boituva para um voo turístico com 33 passageiros, além do piloto e de um ajudante, quando sofreu o acidente em uma área rural.
O dono da empresa de balonismo foi intimado para prestar depoimento, entretanto, ele não compareceu. A defesa alegou que ele está com problemas de saúde.
O delegado de Capela do Alto, Luis Rafael Souza Campos, informou ao Diário do Estado que Miguel já havia sido intimado anteriormente, por carta precatória, mas também não compareceu. Com o fim do prazo para conclusão do inquérito, a Polícia Civil tomou as medidas cabíveis e encaminhou o caso à Justiça.
Ainda segundo o delegado, a Polícia Civil aguarda o retorno de cartas precatórias enviadas e de laudos pendentes para encaminhar os documentos à Justiça.
Os dois acusados pelo crime são Miguel Antônio Bruder Leiva, dono da empresa Aventurar Balonismo, e Fábio Salvador Pereira, piloto do balão.
O delegado teve 10 dias para concluir o inquérito porque o piloto do balão está preso preventivamente, e, nesses casos, a lei determina esse prazo mais curto para finalizar as investigações.
A partir de agora, o caso segue para o Ministério Público, que assume a condução da próxima etapa. O MP pode oferecer denúncia à Justiça, transformando os indiciados em réus, pedir o arquivamento do caso, se entender que não há provas suficientes, ou solicitar novas diligências para aprofundar as apurações. Se a denúncia for aceita pelo Judiciário, o caso segue para julgamento.
Segundo a Polícia Civil a empresa só tinha autorização para voos privados, e não comerciais. Em depoimento, o piloto disse à polícia que uma rajada de vento inesperada provocou o acidente e que passageiros tentaram pular. O Diário do Estado não conseguiu contato com a defesa dos indiciados até a publicação desta reportagem.
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RELEMBRE O ACIDENTE
Segundo a Polícia Militar, o balão transportava 35 passageiros e havia saído de Boituva. O balão chegou a bater duas vezes contra o solo antes de cair e parar de vez. Testemunhas contaram que essas colisões provocaram a queda de quatro pessoas do balão.
Os feridos foram levados para o pronto-socorro de Capela do Alto e para o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), mas já receberam alta.
A mulher que morreu foi identificada como Juliana Alves Prado Pereira, de 27 anos. Ela estava no passeio com o marido, Leandro de Aquino Pereira, com quem comemorava o Dia dos Namorados. Era psicóloga e natural de Pouso Alegre (MG).
Um vídeo feito por moradores mostra o balão fazendo um voo bem baixo pouco antes da queda.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
Uma reunião de emergência foi realizada na segunda-feira (16), entre a Prefeitura de Boituva, a Confederação Brasileira de Balonismo e a Associação de Balonismo de Boituva para adotar medidas de segurança após o acidente.
Após três dias da morte de turista, a Prefeitura de Boituva lançou um cadastro online, na quarta-feira (18), para comunicação de voos de balão. As empresas devem preencher o formulário com no mínimo quatro horas de antecedência no site da prefeitura.
Entretanto, mesmo com um formulário obrigatório implementado, quase 20 voos de balões não foram informados à prefeitura de Boituva (SP) no feriado prolongado.