Entenda por que Campinas é a melhor cidade do interior do Brasil para investir, segundo ranking internacional
Ranking internacional aponta cidades com capacidade para receber novos negócios e gerar retorno para quem investe, e metrópole do interior paulista tem capital humano e economia como principais fatores.
Campinas (SP) é apontada como a melhor cidade do interior do Brasil para investimentos, segundo o ranking Global Cities Index 2025 da Oxford Economics. Mas o que faz a cidade de 1,1 milhão de habitantes alcançar esse posto e o que isso significa?
Economistas ouvidos pelo DE explicam que o ranking aponta cidades com capacidade para receber novos negócios e gerar retorno para quem investe, e Campinas se destaca tanto pelo capital humano como pela economia robusta, que combina indústria, serviços avançados e logística.
O ranking internacional, que avaliou mil cidades ao redor do mundo, colocou Campinas na 464ª posição global — no Brasil, está atrás apenas das capitais São Paulo (303º), Brasília (339º) e Rio de Janeiro (449º).
Comparando com outras cidades do interior de São Paulo, Campinas está bem a frente de Ribeirão Preto (667º), Sorocaba (693º) e São José dos Campos (745º).
Os critérios analisados pelo ranking são: economia, governança, meio ambiente, qualidade de vida e capital humano. E a categoria em que Campinas teve a melhor nota foi capital humano.
CAPITAL HUMANO COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO
O principal destaque de Campinas no ranking é o desempenho no quesito capital humano. Segundo o economista Paulo Ricardo Oliveira, responsável pelo Observatório PUC-Campinas, esse ativo é central para atrair investimentos em setores intensivos em conhecimento.
Isso se deve à elevada qualificação da mão de obra local e à presença de instituições de ensino e pesquisa de referência, como a PUC-Campinas e a Unicamp, além de centros tecnológicos e empresas de base científica, explica o economista.
Esse ambiente de inovação em Campinas se fortalece ainda mais com resultados recentes. Em 2024, a Agência de Inovação da Unicamp (Inova) atingiu o maior número de contratos ativos de transferência de tecnologia da sua história: foram 233 acordos, um crescimento de 9,9% em relação ao ano anterior.
Os contratos representam a transformação direta do conhecimento acadêmico em soluções aplicadas, com impacto econômico e social.
ECONOMIA DIVERSIFICADA E RESILIENTE
Outro ponto forte é a dimensão econômica. Segundo o economista da PUC, Campinas possui uma economia regional robusta, que combina indústria, serviços avançados e logística.
A cidade chega a ter desempenho superior ao do Rio de Janeiro nas dimensões econômica e de capital humano, destaca Oliveira.
Essa diversidade garante maior estabilidade e capacidade de adaptação a crises — uma característica valorizada por investidores que buscam segurança e retorno sustentável.
DESAFIOS PERSISTEM: QUALIDADE DE VIDA E GOVERNANÇA
Apesar dos pontos fortes, Campinas enfrenta desafios estruturais que impactam seu desempenho em outras dimensões do índice, como qualidade de vida, meio ambiente e governança.
A qualidade de vida é a pior dimensão de desempenho do município no ranking.
Isso pode estar relacionado à alta desigualdade de renda, pressão habitacional em regiões periféricas e níveis ainda elevados de criminalidade urbana, explica Oliveira.
Esse ponto de vista é reforçado pela professora de economia da PUC, Eliane Navarro Rosandiski, que ainda aponta a inflação dos serviços, como creches, escolas, aluguel e saúde, que encarece o custo de vida para a população.
Essa desigualdade impacta negativamente o indicador de qualidade de vida, o ponto mais frágil no ranking, explica ela.
Além disso, a governança, que é o acesso a serviços públicos, também deixa a desejar.