Espetáculo musical faz homenagem sensível à obra da multiartista Carolina Maria
de Jesus
A Companhia dos Inventivos apresenta neste domingo (29), às 16h, na Área de
Convivência do Sesc Thermas, em Presidente Prudente (SP), o espetáculo musical “Um Canto para Carolina”, inspirado na obra autobiográfica “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” (Editora Ática), da escritora, compositora, cantora e poetisa mineira Carolina Maria de Jesus (1914–1977). A
entrada é grátis e a classificação indicativa, livre.
O espetáculo traz, a partir dos registros da escritora, três irmãos que redescobrem, por meio das palavras da mãe, a luta por uma vida mais digna e a potência de sua ancestralidade. Em cena, o elenco formado por Aysha Nascimento, Marcos di Ferreira, Taynã Azevedo e Adilson Fernandes dá vida a essa homenagem sensível à obra de Carolina.
Mulher, negra, semianalfabeta e catadora de papelão, Carolina Maria de Jesus foi uma das escritoras mais lidas do Brasil. Ela nasceu em Sacramento (MG), em 14 de março de 1914, e morreu em São Paulo (SP), em 13 de fevereiro de 1977. Lançado em 1960, seu primeiro livro, “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, é uma das obras mais marcantes da literatura brasileira e vendeu aproximadamente 3 milhões de exemplares, em 16 idiomas.
Neta de escravos e filha de mãe analfabeta, Carolina nasceu em Minas Gerais e, em 1947, mudou-se para São Paulo. Ela foi morar na favela do Canindé, que ficava às margens do Rio Tietê. Chegou a passar fome e morar na rua. Dessa experiência e de uma profunda capacidade de observação, ela tirou a inspiração para escrever a sua principal obra: “Quarto de Despejo”. “Quando ela recebe o livro ‘Quarto de Despejo’ impresso, ela coloca assim, no alto, eu lembro como se fosse hoje, e ela lê. Eu vi a felicidade no olhar dela – ‘Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo’. Ela estava muito feliz porque tinha alcançado o objetivo dela”, relatou Vera Eunice de Jesus, professora e filha da escritora, em entrevista à TV Globo.
Tom Farias, biógrafo de Carolina, avaliou que o sucesso que os livros dela fazem até hoje no mundo todo comprova a qualidade do material. “A voz do negro no Brasil, desde 1500, quando começaram a vir as primeiras levas de escravizados pra cá, nunca foi ouvida, e a Carolina veio no século 20 pra quebrar esse estigma de que o negro não tem voz”, afirmou. Na avaliação de Vera, sua mãe escrevia em “pretoguês”.
O Sesc Thermas fica na Rua Alberto Peters, 111, no Jardim das Rosas, em Presidente Prudente. O telefone é (18) 3226-0400.
