O governo DE espera anúncio de acordo entre Mercosul e países europeus durante
cúpula em Buenos Aires
Negociado desde 2017, acordo com EFTA foi concluído em 2019, mas ainda faltavam
algumas pendências. Brasil assume presidência do bloco e também quer concluir
até o fim do ano o acordo com a União Europeia.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera que seja anunciado
nesta semana, em Buenos Aires, o acordo comercial entre o Mercosul e a
Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês).
Criado em 1991, o Mercosul reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e a
Bolívia. O EFTA, por sua vez, é formado por Noruega, Suíça, Islândia e
Lichenstein — países europeus que não integram a União Europeia.
Em viagem à França, presidente Lula fala sobre acordo Mercosul-União Europeia
Ministros das Relações Exteriores e ministros da Fazenda dos países Mercosul
participarão ao longo desta quarta-feira (2) de uma série de reuniões do bloco
na capital argentina.
Além disso, nesta quinta (3), será o encontro dos chefes de Estado — o Brasil
assumirá a presidência rotativa do bloco até o fim deste ano.
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o
presidente Lula chega ao país nesta quarta (2) para a cúpula desta quinta.
Esta é a primeira viagem do petista à Argentina desde que Javier Milei assumiu a
presidência do país. Crítico de Lula, Milei é aliado do ex-presidente Jair
Bolsonaro e fez diversas críticas ao presidente brasileiro durante a campanha
presidencial de 2023.
Segundo informaram à Globonews integrantes do Palácio do Planalto e do
Ministério das Relações Exteriores, não havia até a manhã desta quarta-feira uma
previsão de encontro bilateral entre Lula e Milei — nesse formato, participam
somente os dois presidentes e os intérpretes —, somente o encontro durante a
cúpula, com todos os demais.
Entre outros pontos, a cúpula do Mercosul também deve debater os seguintes
temas:
* cooperação comercial;
* cooperação no combate ao crime organizado;
* agricultura de baixo carbono.
O presidente Lula e o presidente eleito da Argentina, Javier Milei — Foto:
Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo; Agustin Marcarian/Reuters
ACORDO MERCOSUL-EFTA
Negociado desde 2017, o acordo com o grupo foi concluído em 2019, após dez
rodadas de negociações. Ainda havia, contudo, algumas pendências relativas a
questões técnicas e, por isso, ainda não havia sido finalizado.
De acordo com a página oficial do Mercosul, o comércio entre o bloco e os países
da EFTA gira em torno de US$ 7 bilhões anuais.
Segundo Itamaraty, a estimativa é que o acordo com a associação represente
incremento de US$ 5,2 bilhões em 15 anos no Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro.
O acordo envolve temas como serviços, investimentos, compras governamentais,
facilitação do comércio e cooperação aduaneira, medidas sanitárias e
fitossanitárias, desenvolvimento sustentável e propriedade intelectual.
ACORDO MERCOSUL-UNIÃO EUROPEIA
Negociado desde 1999, o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia foi
concluído 20 anos depois, em 2019, e passou à fase de revisão. Essa etapa só foi
concluída em 2024, durante a cúpula do bloco no Uruguai.
Agora, na parte europeia, ainda falta a ratificação no Conselho Europeu e no
Parlamento Europeu. Enquanto países como a Espanha se dizem favoráveis ao
acordo, há também quem se coloque de forma contrária, a exemplo da França.
Como o Brasil assume a presidência do Mercosul, o presidente Lula tem dito que
pretende convencer o presidente francês Emmanuel Macron a aceitar o acordo para
que, enfim, o acordo comercial possa entrar em vigor.
Macron, por sua vez, afirma entender que as regras ambientais exigidas dos
produtores europeus são mais rígidas que as exigidas dos sul-americanos, o que
tornaria o acordo desigual. Diante disso, Lula tem defendido que o negociador
francês apresente alguma proposta a ser discutida.