Participantes de entidades colocam a ‘mão na massa’ e provam pizza pela 1ª vez em pizzaria do interior de SP: ‘Diferente’, diz estudante
Ação gratuita ocorreu na quinta-feira (10), Dia da Pizza, em São José do Rio Preto (SP).
O cheiro de massa assando, o barulho dos talheres e do forno a lenha, o som das conversas ao redor das mesas. Para muitos, isso faz parte de uma rotina comum ao sair para comer fora. Mas, para membros de entidades de São José do Rio Preto (SP), foi uma experiência nova: pela primeira vez na vida, eles puderam provar uma pizza dentro de uma pizzaria.
A ação gratuita ocorreu na quinta-feira (10), quando foi celebrado o Dia da Pizza, em uma tradicional pizzaria da cidade, em parceria com associações sem fins lucrativos, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a Fundação Líbero Badaró de Ensino, Assistência Social e Cultura (Fulbeas), o Instituto Família Universo, o Fundo Social de Solidariedade e o Instituto dos Cegos.
Os participantes, inclusive deficientes visuais, pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Síndrome de Down, foram levados para fazer a própria pizza. De toucas, eles foram recebidos por pizzaiolos da casa, que guiaram cada etapa do processo. Com as mãos na massa, literalmente, puderam sentir a textura dos ingredientes e montar os próprios sabores.
Crianças, jovens e idosos visitaram a cozinha da pizzaria para aprender a abrir e rechear uma pizza com os ingredientes que escolheram. Após a aventura, sentaram à mesa para comer as pizzas que eles próprios montaram. Entre os que nunca tinham vivido essa experiência de comer em uma pizzaria, está Maria Clara, de 17 anos, estudante da Fulbeas.
Ao DE, Maria Clara contou que come pizza em casa com os familiares por delivery, uma vez que a condição financeira a afastava de momentos como este. Dessa vez, Maria participou de tudo: escolheu os ingredientes, montou a pizza com as próprias mãos e, pela primeira vez, experimentou o sabor de algo que ela mesma ajudou a criar, dentro de um restaurante.
Cada ingrediente foi apresentado por meio do tato e do olfato a Josiane Aparecida da Silva de Oliveira, de 44 anos, que tem baixa visão devido à toxoplasmose, infecção que foi transmitida pela mãe dela durante a gestação. Uma das consequências é o ceratocone, que afeta a retina e compromete a visão.
O filho dela, Júlio Henrique Oliveira da Silva, de apenas dez anos, que também foi diagnosticado com ceratocone severo, foi outro que viveu a primeira experiência em uma pizzaria. Adelmo Rezende, de 59 anos, diagnosticado com retinose pigmentar durante um exame de rotina em 2007 e hoje com menos de 10% da visão, descreveu o momento com simplicidade e gratidão: “Foi maravilhoso. Eu quero agradecer pela oportunidade. É muito bom”, comentou o homem.
Andrea Garcia de Souza, de 50 anos, que perdeu a visão aos 42 devido ao agravamento da diabetes na gestação, contou que o simples ato de sair de casa e ser bem recebida foi emocionante. “É diferente, mas foi especial, foi bom. O sabor, o ambiente, é muito gostoso. Embora muitos achem que cego tem que ficar em casa, é gostoso sair, vir a uma pizzaria”, comenta a mulher.