Bolsonaro troca Exército por Trump como Poder Moderador do Brasil
Antes, juristas e militares golpistas atribuíam ao Exército a função moderadora. Por meio de uma interpretação torta da Constituição, militares assumiriam o poder quando houvesse conflito entre os poderes.
Foto de março de 2020 mostra Donald Trump (à esquerda) e Jair Bolsonaro (à direita). — Foto: Alan Santos/Presidência via AFP
O golpe contra a democracia brasileira continua, agora em versão dublada, mas com o mesmo argumento falso: o de que há espaço para um Poder Moderador na República Brasileira.
Antes, juristas e militares golpistas atribuíam ao Exército a função que já foi exercida pelo imperador Dom Pedro I. Segundo a interpretação torta da Constituição, o artigo 142 permitiria que militares assumissem o poder quando houvesse conflito entre os poderes.
Agora, a tentativa é transformar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Poder Moderador do Brasil. Assim, Donald Trump estaria acima do Poder Executivo: determinaria com quem o Brasil poderia ter relações comerciais, até onde poderia ir o relacionamento com a China e com quais grupos de nações o país estaria autorizado a se integrar.
Como Poder Moderador, Donald Trump também estaria acima do Poder Judiciário: determinaria quais ações poderiam ir à frente, quais deveriam ser extintas e submeteria juízes, desembargadores e ministros às leis americanas, quando o caso envolvesse empresas de fora do país. Por fim, Donald Trump também estaria acima do Poder Legislativo: determinaria como as leis brasileiras deveriam tratar, por exemplo, as big techs. E — o objetivo que mais interessa ao clã Bolsonaro — o Poder Moderador gringo exigiria uma lei de anistia para seus aliados.
Neste ponto, aliás, era só o clã Bolsonaro rasgar a Constituição de 1988, como várias vezes tentou, e restabelecer a Constituição de 1824. Nela foram estabelecidas as atribuições do Poder Moderador. Entre elas, estava o poder de conceder… anistia. O golpe, portanto, continua. Caiu o artigo 142 e entrou o imperador Dom Trump I. Bem-vindos à monarquia piorada.
