Tarifa de Trump: Tarcísio se reúne com membro da Embaixada dos EUA em Brasília e volta a dizer que ‘responsabilidade é de quem governa’
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta sexta-feira (11) em uma rede social que se reuniu com Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, em Brasília, para discutir a tarifa imposta por Donald Trump. E voltou a dizer que “a responsabilidade é de quem governa”. Tarcísio afirmou também que vai abrir diálogo com as empresas de São Paulo sobre a tarifa.
Tarcísio já tinha responsabilizado o governo federal na quinta-feira (10) pela tarifa, também em uma publicação no X, afirmando que “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado” e que “a responsabilidade é de quem governa”. Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio é cotado para disputar a Presidência contra o atual presidente em 2026.
O anúncio de Trump foi recebido com espanto por especialistas no Brasil e no mundo, que destacaram a motivação política da decisão. “Ele [Trump] mencionou a iminente condenação do Bolsonaro”, disse, em entrevista à GloboNews, o ex-presidente do Banco Central Alexandre Schwartsman. “Não seria a primeira vez que os Estados Unidos usam a política tarifária para fins políticos”, escreveu o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel.
Em resposta a Tarcísio, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que “quem está colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador Tarcísio e todos os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço de Trump contra o Brasil”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também comentou o posicionamento do governador de São Paulo e disse que ele é candidato “a vassalo”.
Em carta enviada ao presidente Lula na qual justifica a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou Bolsonaro e disse ser “uma vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF). Após o anúncio, Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e que o aumento unilateral de tarifas sobre exportações brasileiras será respondido com base na Lei da Reciprocidade Econômica.
A tarifa de 50% anunciada por Trump é a mais alta entre as novas taxas divulgadas. Na segunda-feira, o republicano enviou cartas informando aumento de tarifas a 14 países. A segunda leva de cartas foi na quarta-feira (9). Ao todo, oito países foram notificados, incluindo o Brasil. De forma geral, Trump definiu tarifas mínimas sobre produtos importados, que variam entre 20% e 50%, a depender do país, com validade a partir de 1º de agosto.
Apesar do argumento, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram o contrário. O Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os EUA desde 2009, ou seja, há 16 anos. Isso significa que o Brasil gastou mais com importações do que arrecadou com exportações. Ao longo desse período, as vendas americanas ao Brasil superaram as importações em US$ 90,28 bilhões (equivalente a R$ 493 bilhões na cotação atual), considerando os números até junho de 2025. Por isso, analistas afirmam que a postura de Trump com as tarifas tem um forte componente geopolítico, com o objetivo principal de ampliar seu poder de barganha e influência nas relações internacionais.
Após o anúncio, o presidente Lula reiterou a soberania brasileira e afirmou que o país “não aceitará ser tutelado por ninguém”. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, disse. “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, acrescentou. O presidente também respondeu às críticas de Trump em relação às plataformas digitais: “No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, estão submetidas à legislação brasileira”.