Rosali Eliguara Ynaê, baiana de 39 anos, se tornou a primeira monja zen budista afro indígena em uma linhagem japonesa com mais de 700 anos de história. Integrante da linhagem Soto Zen, Rosali teve sua cerimônia de ordenação realizada no templo Shinōzan Takuonji, localizado no Paraguai. Para ela, a decisão de se tornar monja foi um passo em direção ao compromisso coletivo e à disponibilidade para algo maior em sua vida.
Nascida em Salvador, Rosali teve contato com o budismo durante sua graduação em História na Universidade Estadual de Feira de Santana, onde uma professora abordava a temática em sua tese de doutorado. A partir desse momento, ela se interessou pela meditação e se aprofundou nas diversas linhagens do budismo até encontrar na tradição japonesa Soto Zen a sua principal fonte de inspiração espiritual.
A tradição Soto Zen do Budismo, que busca a iluminação por meio da prática meditativa, é a base na qual Rosali encontrou o seu caminho espiritual. Com a cerimônia de ordenação realizada no Paraguai, ela se tornou a primeira monja afro indígena budista nessa linhagem japonesa, o que representa um marco importante no contexto religioso e cultural.
Filha de ascendência Kariri Xocó e com a mãe branca e católica, Rosali cresceu em Salvador, convivendo com a diversidade cultural e religiosa da cidade. Essa bagagem cultural a levou a se aproximar das religiões de matriz africana, mantendo sempre o valor e o respeito pelos seus ancestrais e referências.
Após se aprofundar na prática budista e realizar estudos pelo mundo, Rosali descobriu o Templo Zen Budista Shinōzan Takuonji, no Paraguai, onde decidiu se dedicar por meio de um curso e convivência com a comunidade local. Sua ordenação em cerimônia que mesclou tradições baianas com japonesas foi o pontapé inicial para sua jornada como monja zen.
Atualmente, Rosali vive no templo no Paraguai, onde se dedica à prática meditativa, ensina a crianças e oferece atendimentos de acupuntura à comunidade local. Sua jornada como a primeira monja zen budista afro indígena nessa linhagem japonesa representa um marco de diversidade e inclusão no cenário espiritual contemporâneo.