Jovem do DF se prepara para 3ª cirurgia após síndrome rara que causa necrose na região genital
Renato de Sá visitava Brasília após um ano no exterior quando descobriu a Síndrome de Fournier; médico disse que ele teria 5% de chance de sobreviver. Agora, ‘vaquinha’ reuniu R$ 35 mil para acelerar a retirada da bolsa de colostomia.
O que parecia ser um leve desconforto nas partes baixas deixou o brasiliense Renato de Sá, de 30 anos, entre a vida e a morte em janeiro deste ano. Em plena viagem de férias, voltando ao Brasil após uma temporada no exterior, Renato foi diagnosticado com uma doença rara: a Síndrome de Fournier, uma infecção bacteriana que acomete a região genital e causa a morte (gangrena) dos tecidos da área.
Ele conta que o desconforto começou no dia 21 de janeiro – mas começou a piorar rapidamente. Ele chegou a ir em unidades de pronto-atendimento (UPAs) e recebeu orientações de medicação, mas a síndrome ainda não tinha sido identificada. “Foi horrível. A dor foi só aumentando. Não conseguia mais sentar direito, só ficar deitado. Eu estava em Goiânia e fui em uma UPA de lá. E eles só passaram remédio para dor na veia. Aí eu voltei para Brasília, e fui direito para o Hospital de Base. Lá eu já cheguei chorando de dor, de cadeira de rodas”, conta Renato.
Menos de uma semana depois do primeiro sintoma, no dia 27, a infecção já havia se alastrado – e as dores tinham se tornado insuportáveis. No Hospital de Base, Renato recebeu o diagnóstico que mudaria tudo em sua vida. “Eles falaram que eu estava essa infecção bacteriana, chamada Síndrome de Fournier. Eu só queria que a dor passasse. Fiquei muito assustado com tudo. Não estava entendendo o que estava acontecendo comigo. E com a dor eu acho que desassociei um pouco, porque só lembro de entrar gritando na sala de cirurgia e pedir pelo amor de Deus para fazerem aquela dor parar. Foi quando me sedaram”, relembra.
A primeira cirurgia, que ele só tinha 5% de chance, foi só para salvar a vida de Renato. A segunda cirurgia foi quando eles tiraram toda a pele necrosada pela bactéria e colocaram uma bolsinha de colostomia nele. A partir daí, ele ficou quatro dias na morfina para aguentar a dor, sem conseguir andar, ir ao banheiro, tomar banho. As enfermeiras o davam banho na maca e ele urinava pela sonda. Foram os 18 dias no hospital, lembra.
Passados seis meses do susto, Renato de Sá está recuperado, mas ainda convive com a bolsa de colostomia porque precisa de uma terceira cirurgia: a de reconstrução do trânsito do trato intestinal. O procedimento está disponível na rede pública, mas a fila de espera é grande. Segundo ele, a estimativa oficial é de uma demora de até três anos. “Estou há 53 dias na fila e minha posição foi de 145 para 134”, relatou ao DE. No hospital particular, não há fila – mas o custo do procedimento é alto em razão da complexidade. “Tem chance de precisar de internação em UTI, bolsa de sangue, mais materiais, caso ocorra algum imprevisto. Então, o gasto inicial é de R$ 35 mil”, explicou.
No começo da semana, Renato e familiares criaram uma campanha para arrecadar doações e cobrir parte desses custos. O que eles não esperavam é que a meta de R$ 35 mil seria batida em menos de um dia. “Em menos de 15 horas, a gente bateu [a meta], foi bem impressionante. Eu não conseguia parar de chorar, porque na minha cabeça essa cirurgia ia demorar dois anos. E vou poder fazer mês que vem”, comemorou em um vídeo nas redes sociais. “Estou sorrindo para as paredes. Foram mais de 600 mensagens, foram 320 transferências”, enumerou. A data da cirurgia ainda deve ser marcada.
A Síndrome de Fournier é uma infecção rara e grave que atinge a região genital e acomete especialmente os homens. É uma doença causada por bactérias que penetram os tecidos moles do períneo, provocando necrose desses tecidos. Os principais sintomas incluem dor intensa na região genital, vermelhidão, inchaço, febre, calafrios, náuseas, mau cheiro local, saída de pus pela pele, queda do estado geral de saúde do paciente. As principais causas de contaminação são traumas na região, diabetes mellitus, pacientes imunossuprimidos, falta de higiene íntima, infecção urinária, picada de inseto na região, presença de sondas urinárias na bexiga.
O diagnóstico da Síndrome de Fournier é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais, como exames de sangue e culturas de tecido, além de exames de imagem. O tratamento inclui antibióticos, cirurgia e cuidados intensivos para evitar complicações graves. A cirurgia é necessária para remover o tecido necrosado e prevenir a propagação da infecção. Os antibióticos são administrados de acordo com a gravidade da infecção.
Por fim, a Síndrome de Fournier tem cura, mas requer tratamento imediato para evitar complicações. É fundamental que a doença seja tratada adequadamente para garantir a recuperação completa do paciente. Não deixe de buscar ajuda médica ao primeiro sinal de sintomas dessa síndrome. Esteja atento à sua saúde e bem-estar. A prevenção é sempre o melhor caminho para evitar doenças graves como a Síndrome de Fournier.