Pelé, Alfredo Almeida e o combate ao racismo no futebol: a necessidade de inclusão e diversidade

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Pelé, Alfredo Almeida e o racismo científico disfarçado de discurso

A ideologia preconceituosa que expõe o pensamento eurocentrista ainda reina no futebol, como visto em declaração de um diretor das categorias de base do Flamengo. Alfredo Almeida prega mudanças na formação dos jogadores brasileiros, buscando criar um ambiente mais inclusivo e igualitário.

Viver em um país colonizado é estar cercado de preconceitos e estereótipos, muitas vezes camuflados em hábitos naturalizados pelo tempo, mas que fazem parte de uma herança manchada por sangue e lágrimas daqueles que foram oprimidos ao longo da história. O racismo científico, uma ideologia criada no século XIX na Europa para justificar a superioridade de raças, ainda está presente em nossas rotinas.

Ao ser apresentado no Flamengo, Alfredo Almeida fez comentários que reforçam estereótipos preconceituosos, limitando a capacidade dos jogadores africanos em aspectos mentais. Esse tipo de discurso reproduzido por pessoas influentes pode se tornar uma verdade absoluta, ainda mais em um meio como o futebol, onde a voz de dirigentes e treinadores é amplamente ouvida.

O racismo científico reduz corpos negros à força bruta, em detrimento à inteligência, perpetuando a visão eurocêntrica de superioridade. Alfredo Almeida, natural de Braga, cidade com imigrantes africanos, cresceu ouvindo expressões baseadas nesse preconceito, sem sofrer punições ou questionamentos.

Pelé, uma vítima do preconceito racial no futebol, enfrentou críticas e comparações injustas ao longo de sua carreira, mesmo sendo um dos maiores jogadores de todos os tempos. O debate sobre a possibilidade de embranquecer a seleção brasileira antes da Copa do Mundo de 1958 revela as marcas do racismo no esporte.

Desconsiderar o contexto histórico e a contribuição de atletas negros é apagar a memória de milhões de pessoas e desvalorizar a história do esporte. A perpetuação de estereótipos pode limitar as oportunidades de jogadores negros e criar ambientes de trabalho hostis e desiguais, como criticado por PC Vasconcellos.

É importante reconhecer a inteligência e a habilidade de jogadores negros, provenientes de diferentes países, para evitar a repetição de pensamentos preconceituosos que causam danos nos esportes e na sociedade. Combater qualquer manifestação racista e promover a inclusão e diversidade são passos essenciais para a construção de um ambiente mais justo e igualitário no futebol e em todas as áreas da vida. Como disse James Baldwin, silenciar diante do racismo é compactuar com ele, portanto, é fundamental resistir e se posicionar contra qualquer forma de discriminação.

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