Não tem que palpitar”, “não representa o Brasil”, “China assusta EUA”: lojistas e clientes da 25 de Março reagem sobre investigação de Trump
DE entrevistou clientes e comerciantes da principal rua de comércio do Brasil e ouviu o que eles pensam sobre a investigação do governo norte-americano anunciada na terça.
Comerciantes da 25 de Março falam sobre o tarifaço
Comerciantes da 25 de Março falam sobre o tarifaço
O maior centro de comércio popular no Brasil e na América Latina, a 25 de Março, localizada no Centro de São Paulo, entrou na mira do presidente americano, Donald Trump, por conta da venda de produtos falsificados e da falta de proteção dos direitos de propriedade intelectual.
Na terça-feira (15), o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil por ordem do republicano.
MAS O QUE PENSAM OS COMERCIANTES E OS CLIENTES DA PRINCIPAL RUA DE COMÉRCIO DO BRASIL SOBRE A INVESTIGAÇÃO?
“Ele não tem nem porque palpitar, né? Muitas coisas daqui vão para lá”, diz Cidélia, técnica em enfermagem.
Cidélia, técnica de enfermagem — Foto: Reprodução/ DE
“Ele tá se comparando um negócio Brasil com Estados Unidos, lá do outro lado onde ele tá, então, tipo, não tem lógica”, diz Kethelen Souza, vendedora.
“Ele não representa o Brasil. Não tem direito disso. Quem tem direito é o governo brasileiro, de fazer qualquer coisa na 25”, diz Fernando, vendedor.
“Eu acho que cada país tem o seu governo, entendeu. Tem leis lá que precisam ser seguidas, assim como tem no país”, diz Josiel, eletricista.
“Bem, normalmente a qualidade do produto varia. Tudo bem, tem falso, mas 100% não. Talvez 20%, uma coisa assim. Ter mais original”, diz Fernando, vendedor.
“Ele pode abrir uma investigação que ele não vai encontrar. Todos os produtos não têm falsificação. Acredito que existe, sim, uma região da 25 que venda paralelos. Agora os nossos produtos são fabricados na China, sim, mas todos da nossa marca mesmo”, diz Vitória, empresária.
Vitória, empresária. — Foto: Reprodução/ DE
“Acho que o maior problema americano é a evolução da China, principalmente porque a China é o maior parceiro comercial brasileiro Brasil tem muita ligação com a China, então isso é realmente assustador pro governo americano”, diz Sérgio Luís Daril, vendedor.
“Sérgio Luís Daril, vendedor. — Foto: Reprodução/Globonews
“”Eu vejo o Trump como uma pessoa que tem uma arma. A arma dele é taxa. O país que ele não é favorável, ele põe tarja. Acho super errado isso”, diz Josiel Vieira, eletricista.
Consumidores na Rua 25 de Março, Centro de SP, em imagem em dezembro de 2023 — Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
COMO É A INVESTIGAÇÃO?
Trump já havia sinalizado o início da investigação na mesma carta em que anunciou a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
No documento, divulgado pelo governo americano, a região da Rua 25 de Março é apontada como um dos maiores mercados de produtos falsificados do mundo, permanecendo assim há décadas, apesar de sucessivas operações policiais.
“O Brasil adota uma série de atos, políticas e práticas que aparentemente negam proteção e aplicação adequadas e eficazes aos direitos de propriedade intelectual. Por exemplo, o país não conseguiu combater de forma eficaz a importação, distribuição, venda e uso generalizados de produtos falsificados, consoles de videogame modificados, dispositivos de streaming ilícitos e outros dispositivos de violação”, afirma o documento.
Na avaliação do USTR, a falsificação persiste especialmente na 25 de Março devido à ausência de sanções, penalidades e medidas que desestimulem essa prática ilegal a longo prazo.