Relatório aponta que trabalhador resgatado de cárcere no PR era obrigado a
trabalhar sem receber em empresa de guarda municipal.
Segundo Gaeco, vítima tem 55 anos e foi obrigada a trabalhar em tapeçaria do
guarda por pelo menos dois anos. Caso aconteceu em Foz do Iguaçu.
Relatório confirma trabalho semelhante à escravidão em Foz
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Relatório confirma trabalho semelhante à escravidão em Foz
Um relatório preliminar do Ministério Público do Trabalho (MPT) confirmou que um
trabalhador resgatado de cárcere em Foz do Iguaçu,
[https://de.de.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2025/07/18/guarda-municipal-e-suspeito-de-manter-homem-em-carcere-privado-no-parana-situacao-degradante.ghtml]
no oeste do Paraná, vivia em condições análogas à escravidão na tapeçaria de um
guarda municipal.
A RPC, afiliada da Rede Globo, teve acesso exclusivo ao relatório encaminhado ao
Ministério Público do Paraná (MP-PR), que descreve situações que caracterizam
esse tipo de violação, conforme as leis brasileiras.
O relatório aponta que o trabalhador, de 55 anos, dormia há cerca de dois anos
em uma cama improvisada, com colchões apoiados sobre tijolos, no mesmo espaço
onde eram realizados os serviços da tapeçaria. No local, também estavam produtos
químicos e maquinário de alto risco.
Os fiscais do MPT registraram ainda que o homem não tinha acesso à água potável
suficiente e vivia em ambiente sem ventilação adequada, com instalações
elétricas precárias e estrutura que permitia a entrada de vento, poeira e chuva.
Segundo o relatório, o trabalhador também armazenava os próprios alimentos ao
lado de produtos tóxicos.
Gaeco afirma que vítima era mantida em um galpão, em ‘situação
degradante’ — Foto: Gaeco
Outro ponto destacado é a falta de qualquer formalização do vínculo
empregatício.
> “Não há informações de registro formal de emprego, pagamento regular de
> salário ou qualquer outro benefício social”, afirma o promotor Tiago Lisboa.
O trabalhador foi resgatado e mora atualmente com a filha em Foz do Iguaçu
[https://de.de.globo.com/pr/oeste-sudoeste/cidade/foz-do-iguacu/].
O nome do suspeito não foi divulgado até o momento, e o g1 tenta localizar a
defesa dele.
O documento embasou um pedido de interdição do galpão onde funcionava a
tapeçaria. O MPT também solicitou autos de infração por descumprimento da
legislação trabalhista e determinou a notificação do empregador, que é guarda
municipal, para formalizar o vínculo empregatício e pague as verbas rescisórias.
Também foi pedida a emissão da guia de seguro-desemprego.
Gaeco afirma que vítima era mantida em um galpão, em ‘situação
degradante’ — Foto: Gaeco
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
Além da apuração trabalhista, o caso é investigado criminalmente pelo Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que cumpriu dois
mandados de busca e apreensão na última sexta-feira (18).
O empregador, que atua como guarda municipal de Foz do Iguaçu, é suspeito de
manter o trabalhador em cárcere privado, se aproveitando da situação de
vulnerabilidade da vítima.
Segundo o Gaeco, o guarda reteve o cartão de benefício social do homem por conta
de uma suposta dívida e restringia seus contatos com a família.
“Foi apurado que a vítima residia em um galpão onde funciona a tapeçaria, em
situação degradante, sem acesso à higiene básica, alimentação adequada ou meios
de comunicação. O contato com a família era mediado pelo investigado ou por uma
terceira pessoa”, detalha o grupo.
Durante a operação, foram apreendidos celulares, documentos, equipamentos
eletrônicos e R$ 27 mil em dinheiro.
Em nota, a Prefeitura de Foz do Iguaçu informou que acompanha o caso e aguarda o
andamento das investigações para adotar “medidas administrativas que
eventualmente se fizerem necessárias”.