Padre goiano é condenado por desvio de campanha de combate à AIDS

Ele ainda alega que “as provas dos autos demonstram claramente que ele não teve envolvimento”, e que “ele participou da elaboração do projeto, mas não pegou o dinheiro

O padre Anselmo Silva e o ex-padre Egmar Gonçalves foram condenados pela Justiça Federal por desviarem R$ 79,8 mil reais de um programa de conscientização voltado para jovens sobre AIDS, o “Jovens Conscientes”. O crime ocorreu no ano de 2005, em Goiandira, a 280 quilômetros de Goiânia. Defesa diz que vai recorrer. De acordo com a sentença proferida pela Justiça, os dois se apropriaram indevidamente do dinheiro, que tinha como destino um “projeto de interesse público” voltada para jovens.

Quanto à pena, Anselmo Silva foi condenado a oito anos e seis meses. Já Egmar pegou uma pena de oito anos e um mês. Além disso, os dois terão ainda que devolver o valor com a devida correção monetária ao longo do período, desde 2005. O advogado de Anselmo, Dr. Pedro Xavier Coelho Sobrinho disse que discorda da decisão e que vai recorrer. Ele afirma que seu cliente, que está em liberdade, não recebeu nenhum centavo da quantia.

O advogado disse que tem certeza de que vai recorrer. Ele ainda alega que “as provas dos autos demonstram claramente que ele não teve envolvimento”, e que “ele participou da elaboração do projeto, mas não pegou o dinheiro. Quem pegou foi Egmar”. Nos autos, a defesa de Egmar alegou que “Anselmo é o único responsável pelo delito”.

Denúncia

Padre Anselmo Silva, que na época representava a Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) junto à paróquia de Goiandira, interior de Goiás, apresentou a proposta do programa Jovens Conscientes em outubro de 2004, quando ingressou no Programa Nacional de DST/Aids. O projeto abrangeria oito municípios, quatro em Goiás e quatro em Minas Gerais, e teria como objetivo conscientizar jovens o uso de drogas e doenças sexualmente transmissíveis (DST/Aids).

O montante de R$ 164 mil, oriundos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi dividido em duas parcelas de R$ 82.034,00 e depositados em nome da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Diocese de Goiandira. Segundo a denúncia, Egmar, autorizado por Anselmo, sacou cerca de 98% de uma das parcelas de R$ 80 mil. As retiradas acorreram entre os dias 6 e 21 de janeiro de 2005. Entretanto, de acordo com o procurador da República Daniel de Resende Salgado, autor da denúncia o objetivo didático só ficou no papel, pois após a aprovação do projeto e a liberação das verbas, em janeiro de 2005, nada foi realizado, apesar dos saques quase integrais dos valores.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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