Produtores de açúcar orgânico em São Paulo temem ‘tarifaço’ dos Estados Unidos: ‘negociação é essencial’
A imposição de uma nova tarifa de 50% pelo governo dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras, programada para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º de agosto), está gerando preocupação entre os produtores de açúcar orgânico da região de Ribeirão Preto. O mercado norte-americano é o principal comprador do produto brasileiro, e a medida coloca em risco a viabilidade de uma usina local que emprega mais de dois mil funcionários.
Uma usina sediada em Sertãozinho, São Paulo, comercializa seus produtos para 74 países, porém os Estados Unidos absorvem 60% de toda a sua produção. No ano passado, 44 mil das 88 mil toneladas de açúcar orgânico produzidas pela empresa foram exportadas exclusivamente para o mercado americano.
De acordo com Leontino Balbo, diretor da usina, a imposição da tarifa pode comprometer a continuidade da produção. Segundo ele, a negociação se torna essencial para garantir a continuidade das operações, uma vez que o mercado americano representa uma parcela significativa das exportações da usina.
Caso a situação persista no médio e longo prazo, a usina poderá ser obrigada a reduzir sua gama de produtos e, consequentemente, sua produção, impactando diretamente nos mais de dois mil empregos gerados. Para contornar a situação, seria necessário rever a tarifa ou buscar novos mercados para o açúcar orgânico, considerando que a demanda interna brasileira pelo produto é praticamente inexistente.
Plínio Nastari, presidente da Datagro, ressalta o risco de o Brasil perder espaço para concorrentes se as tarifas permanecerem vigentes por um longo período. A permanência da alíquota de 50% poderia tornar o açúcar orgânico brasileiro mais caro do que o de outros países, como Colômbia, Argentina e Paraguai, ameaçando os produtores do país.
Os Estados Unidos são responsáveis por quase metade do consumo mundial de açúcar orgânico, e o Brasil é o principal fornecedor, tendo enviado cerca de 118 mil toneladas para o país em 2024. A produção orgânica se destaca pelo cultivo livre de agrotóxicos e aditivos químicos, oferecendo mais nutrientes em relação ao açúcar convencional, porém com custos mais elevados.
A expectativa do setor é por uma possível prorrogação da entrada em vigor da taxa, permitindo tempo para uma adaptação mútua entre exportadores brasileiros e importadores americanos. A busca por soluções alternativas e a necessidade de estratégias para enfrentar os desafios impostos pelo ‘tarifaço’ dos Estados Unidos se tornam essenciais para a sustentabilidade e continuidade dos produtores de açúcar orgânico em São Paulo.