Esquema de adoção ilegal em hospital de São Paulo: A busca de mulheres por suas origens.

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A luta de mulheres para esclarecer esquema de adoções em hospital de São Paulo: ‘Meu maior desejo é conhecer minhas origens’

Sumiço de arquivos do Hospital Sorocabana, Zona Oeste da capital paulista, pode ocultar esquema de adoção ilegal.

Alessandra foi abandonada quando nasceu, no início dos anos 1990, no hospital Sorocabana — Foto: Caio Guatelli/BBC

Alessandra Iacchetti tinha apenas 16 anos de idade quando perdeu o pai e a mãe em um período de oito meses. Ela estava sozinha em seu apartamento, lidando com o luto e quase totalmente desassistida, quando tudo ficou ainda mais confuso.

Uma mulher chamada Elza, que ela mal conhecia, telefonou para dizer que “precisava contar uma coisa” e que “não podia ir para o túmulo” sem fazê-lo. A mulher havia sido vizinha da mãe de Alessandra no bairro da Vila Romana, na Zona Oeste de São Paulo. O que ela tanto precisava desabafar mudou a vida de Alessandra para sempre.

“Ela revelou que eu era adotada”, lembra Alessandra. Além de uma adolescente órfã tentando se virar para sobreviver no dia a dia, ela precisaria lidar com a notícia e começar uma jornada pessoal para descobrir suas origens.

“Sua mãe não queria que você soubesse que foi adotada. Ela descobriu que não podia engravidar quando perdeu um bebê porque estava com toxoplasmose”, disse Elza. Segundo ela, Alessandra fora adotada, de forma informal e ilegal, no Hospital Sorocabana, no bairro da Lapa.

“A Elza contou que um homem com contatos dentro do hospital fazia a ‘ponte’ para a adoção. Eu seria entregue para a minha mãe adotiva já logo depois do parto”, conta Alessandra. “Foi aí que apareceu uma moça que estava com quatro meses de gravidez e não queria ficar com o filho. Minha mãe foi apresentada a ela e combinou tudo.” Segundo Elza, a mãe biológica de Alessandra se chamava Maria e era de Minas Gerais.

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