Digão abraça desafio de gestão no Bangu e conta bastidores de 2009 no Fluminense: “O Cuca é maluco”
Vice da Sul-Americana daquele ano, ex-zagueiro contou casos da campanha, da fuga do rebaixamento, e da nova carreira de gerente de futebol
Digão conta bastidores da virada do Fluminense sobre o Cruzeiro em 2009
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> Sim, podemos considerar que o Digão é um ex-jogador.
Foi assim que o zagueiro Digão, revelado pelo Fluminense [https://ge.globo.com/futebol/times/fluminense/], onde foi bicampeão Brasileiro, em 2010 e 2012, e campeão Carioca, em 2012, confirmou o fim da carreira nos campos e uma nova etapa na carreira. Depois de três anos sem jogar, o agora ex-zagueiro oficializou a aposentadoria.
Mas, se a carreira nos gramados chegou ao fim, o futebol não vai ficar longe dele. Com passagens também por Al-Hilal, Al-Sharjah, Cruzeiro e Buriram United, Digão tirou os anos desde que parou de jogar, em 2022, para se preparar. Fez cursos de gestão esportiva na CBF e na FGV e hoje tem o desafio de ser gerente de futebol do Bangu para levar o tradicional clube do Rio de volta a Série A do Carioca.
O último passo para isso começa nesta quarta-feira, às 19h, no Estádio Moça Bonita, com a final do Carioca A2 contra o São Gonçalo. O campeão se garante na elite para a temporada de 2026.
Digão mostra camisa assinada no que usou no primeiro gol pelo profissional do Fluminense — Foto: Giba Perez
Antes de decidir o futuro do Bangu, Digão estará na torcida para que o time que marcou sua carreira consiga o feito que ele bateu na trave em 2009: conquistar a Copa Sul-Americana. Nesta terça, o Fluminense abre as oitavas de final da competição contra o América de Cali, às 21h30, no Estádio Pascual Guerrero, em Cali, na Colômbia.
O então jovem de Xerém foi importante naquele desempenho na competição continental, mas teve a chance de disputar a decisão tirada por uma lesão na semifinal contra o Cerro Porteño, vencida por 2 a 1 em uma virada épica com gol de Gum e Alan.
Digão lembra campanha do Fluminense na Sul-Americana em 2009 [https://s02.video.glbimg.com/x240/13833957.jpg]
Foi justamente no ano daquele vice-campeonato que Digão subiu para o time profissional e teve impacto de direto em uma das maiores viradas de chave da história do clube, com a fuga do rebaixamento que parecia iminente.
No jogo mais emblemático daquela arrancada, a vitória por 3 a 2 de virada sobre o Cruzeiro, que o ex-jogador considera uma das partidas mais especiais da carreira, no Mineirão, o zagueiro teve impacto direto ao sair do banco de reservas no intervalo, quando os mineiros venciam por 2 a 0.
Digão explica transição para a função de diretor de futebol [https://s01.video.glbimg.com/x240/13833956.jpg]
A troca foi de fato pouco ortodoxa e faria muitos torcedores desconfiados. Colocar um zagueiro a mais perdendo fora de casa e precisando desesperadamente buscar o resultado não é o tipo de movimento que se vê usualmente.
No entanto, ela foi primordial. O que se viu na segunda etapa foi uma partida completamente diferente. O Fluminense passou a ser mais perigoso e conseguiu fazer três gols, dois de Fred e um de Gum, em um intervalo de 16 minutos. O funcionamento tão bom levantou um questionamento: aquela alternativa era trabalhada nos treinos?
Digão defendeu o Fluminense em 183 partidas, somando dois títulos nacionais e o estadual. No Brasil, jogou ainda pelo Cruzeiro. Mas foi na Arábia Saudita que também deixou sua marca, com a camisa do Al-Hilal.
Museu da carreira de Digão com as taças conquistadas, entre eles o bicampeonato Brasileiro, pelo Fluminense, e da Copa do Brasil, pelo Cruzeiro — Foto: Giba Perez
A função de gestão que hoje exerce no Bangu se deve também às experiências que Digão acumulou como jogador, seja no Brasil ou na Arábia Saudita, pela vivência de vestiário como atleta e pelo exemplo de grandes profissionais da área a quem observou ao longo dos anos.
Foi ainda enquanto jogava, na segunda passagem pelo Fluminense entre 2018 e 2020, que o então zagueiro começou a se interessar pela função. As conversas com o diretor de futebol do clube, Paulo Angioni, cumpriram papel importante para plantar essa ideia.
Digão anunciado como gerente de futebol do Bangu — Foto: Reprodução/Instagram
Foram anos de preparação logo depois de voltar ao Brasil após passagem pelo futebol da Tailândia. Nesse período, recebeu convites para seguir jogando. Depois passou a ser chamado por outras equipes para exercer a função de gestor. Optou por recusar para investir nos cursos até que se sentisse preparado para exercer a função.
O aprendizado veio de muitas frentes. Questionado pela reportagem do ge sobre quais foram os profissionais que influenciaram seu modelo de trabalho como diretor, Digão citou quatro nomes: Angioni, Rodrigo Caetano, diretor de seleções da CBF com quem trabalhou no Fluminense em 2012, Fabinho Soldado, executivo de futebol do Corinthians que jogou com o ex-zagueiro em 2009, e Klauss Câmara, hoje diretor do Santa Clara, de Portugal.
A fala calma e serena que conserva desde os tempos de jogador é importante na hora de mediar a relação de um grupo de jogadores e uma diretoria de clube de futebol. Desafio considerado difícil, mas enriquecedor.
Acredito que essa função é muito mais difícil do que dentro de campo.