Empresário, cristão e patriota. Era assim que se apresentava Renê da Silva Nogueira Júnior, preso suspeito de atirar e matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, após uma briga de trânsito nesta segunda-feira, 11, em Belo Horizonte. O tiro foi dado enquanto a vítima trabalhava, após o suspeito se irritar com um caminhão da coletiva seletiva parado em uma rua.
Quem era Renê Júnior?
Nas redes sociais, Renê possui quase 30 mil seguidores e se apresenta como “Christian, husband, father & patriot” (em português: cristão, marido, pai e patriota). Além disso, no perfil profissional, o suspeito se intitula como CEO da empresa Fictor Alimentos e cita que já trabalhou em grandes multinacionais do ramo alimentício.
Em nota, a empresa Fictor Alimentos negou que Renê seja CEO e informou que não possuí nenhum veículo com ele. “Ele nunca teve qualquer tratativa com a companhia aberta”, disse a empresa.
Fatalidade
O crime ocorreu na manhã desta segunda-feira, 11, após uma discussão entre o empresário e a motorista de um caminhão do transporte coletivo de Belo Horizonte.
Segundo testemunhas, Renê estava em um carro da marca BYD e desceu do veículo para pedir que a motorista tirasse o caminhão da rua para que ele pudesse passar. A mulher afirmou que tinha espaço suficiente para que o carro passasse e ameaçado atirar na motorista.
Garis que estavam no local interviram na briga e pediram que ele se acalmasse. “O condutor falou com ela: ‘se você esbarrar no meu carro, vou dar um tiro em você. Você duvida?’ Ela entrou em choque, e os coletores começaram a falar pra ele não fazer isso. Foi quando um deles, o Laudemir, levou um tiro”, contou o sargento da Polícia Militar, Thiago Ribeiro.
Laudemir foi socorrido pela Polícia Militar e levado de viatura até um hospital, onde faleceu.
Prisão em academia
Renê foi preso em uma academia da capital mineira horas depois de cometer o crime e levado para o Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde negou ter cometido o crime.
Para a polícia, ele informou que a arma utilizada no crime era de sua esposa, uma delegada da Polícia Civil. A mulher foi identificada como Ana Paula Lamego Balbino Nogueira e está, atualmente, lotada na unidade policial Casa da Mulher Mineira.
Uma investigação foi aberta na Corregedoria para apurar o vínculo da delegada com o suspeito detido e se ela houve omissão da policial ao deixar a arma de forma descuidada.